04/03/11 11h35

Em 2011, investimento pode crescer mais 9%

Valor Econômico

Principal indicador de crescimento econômico futuro, o investimento saltou 21,8% entre 2009 e 2010, atingindo 18,4% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado. O avanço representa uma alta de 1,5 ponto percentual em relação à taxa de 2009, mas ainda está abaixo do pico mais recente, registrado em 2008, de 19,1% do PIB. Considerado somente o quarto trimestre, a taxa foi de 17,9%. A confirmação da terceira etapa do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), com mais R$ 75 bilhões (US$ 44,1 bilhões), e a perspectiva dos projetos relacionados à Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016, vão fazer o investimento crescer, em 2011, cerca de 9%, projetam vários economistas. Se confirmada a alta, a taxa de investimento poderá chegar perto de 20% do PIB este ano.

Para Fernando Rocha, economista da JGP Gestão de Recursos, o resultado do último trimestre foi "decepcionante", porque o salto de 2,5%, feito o ajuste sazonal, do consumo das famílias entre o terceiro e o quarto trimestre, não foi acompanhado pelos investimentos, que cresceram apenas 0,7%. "Não fosse pela recuperação da crise, o mix de 2010 seria claramente insustentável", diz. O economista, porém, avalia que os investimentos terão em 2011 um resultado melhor que o último trimestre de 2010. "Enquanto o PIB desacelera para taxas inferiores a 4,5%, o investimento deve aumentar em 9% neste ano, justamente porque o consumo das famílias continua muito forte", diz Rocha, para quem as condições estruturais por trás da demanda interna - mercado de trabalho aquecido e incremento de salários - continuam no radar de 2011. Para Rocha, os investimentos serão cada vez mais sustentados pela importação de máquinas e equipamentos, incentivados pelo câmbio valorizado.

O economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, acredita numa alta de 9% do investimento, mas ressaltando que as inversões deverão ocorrer principalmente nos setores ligados à infraestrutura, como com as obras ligadas à usina de Belo Monte, à Copa do Mundo de 2014 e à Olimpíada de 2016. "A indústria que vai investir é aquela relacionada à mineração, petróleo e agribusiness", avalia. "O investimento deverá acontecer, mas não me parece que será num ritmo muito intenso por parte do setor privado. Ela dependerá cada vez mais da vontade do governo para acontecer."  De acordo com os economistas, no entanto, é preciso elevar a taxa de investimentos acima de 22% do PIB de forma a sustentar avanços consistentes da economia, isto é, um crescimento anual em torno de 5%, sem aumento da inflação. Para a LCA Consultores, o investimento crescerá a um ritmo um pouco mais modesto, de 6,2%. Segundo relatório da consultoria, a capitalização recém-anunciada do BNDES "não necessariamente terá um impacto expansionista sobre a demanda agregada".