27/02/18 12h23

Em 16 setores da indústria, avanço supera dois dígitos

Entre eles, está a indústria automobilística, uma das principais alavancas da retomada, com alta de 25,2% no ano passado

O Estado de S. Paulo

Além de mais disseminado no fim do ano passado, o crescimento da produção industrial brasileira superou dois dígitos em 16 dos 93 segmentos da indústria.

“Quem cresce mais hoje na verdade é quem mais caiu ao longo da crise”, diz o economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rafael Cagnin.

A indústria automobilística, uma das principais alavancas desse crescimento, teve três anos seguidos de queda na produção até começar a se recuperar no ano passado, quando registrou alta de 25,2% no total de veículos produzidos em comparação a 2016.

Boa parte desse crescimento veio das exportações, que aumentaram 46,5%, totalizando 762 mil unidades, quase 30% dos 2,699 milhões de veículos que saíram das linhas de montagem no ano passado, de acordo com dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

O impulso da indústria automobilística continuou em janeiro. As fabricantes de veículos produziram 216,8 mil unidades no mês passado, alta de 24,6% em relação a igual mês de 2016, mostra o balanço da Anfavea.

Após três anos operando com até 50% de ociosidade nas fábricas em razão da crise econômica, o setor viu nos últimos meses anúncios de aumentos na produção e de retomada de operações em dois turnos de trabalho, desativados a partir de 2014. Foram os casos da Nissan, da Volvo, da Volkswagen e da MAN Latin America.

Entre as líderes em vendas do mercado nacional de automóveis, a americana General Motors foi a que teve o maior crescimento na produção em 2017, com avanço de 41,7%.

Neste mês, a direção da GM anunciou que está investindo R$ 1,2 bilhão para expandir a fábrica do grupo em São Caetano do Sul, no ABC paulista. A capacidade produtiva da unidade aumentará de 250 mil unidades ao ano para 330 mil.

Os sinais são a inflação controlada e o cenário mais favorável para a tomada de crédito, com taxas de juros menores e famílias com menos dívidas. Os primeiros dados de melhora no mercado de trabalho também servem para aumentar a confiança do consumidor e impulsionar o consumo.

“O que permanece como restrição é o excesso de capacidade (ociosa)” de muitas fábricas, afirma o economista do Ipea.

Quando utilizam pouco de sua capacidade total, as indústrias adiam investimentos em expansão, diminuindo a demanda por um importante segmento industrial, o de fabricação de bens de capital.

A prévia de fevereiro da Sondagem da Indústria da Fundação Getulio Vargas (FGV) indicou que, na média nacional, o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) ficará em 75,3%. Se confirmado, será o maior patamar desde junho de 2015.

No caso das montadoras, a previsão para o ano é de mais um crescimento de 13,2% na produção, para cerca de 3 milhões de unidades. As vendas devem crescer 11,7% (2,5 milhões de veículos) e as exportações 5%, para 800 mil unidades – um volume recorde em vendas externas de veículos (sem incluir os carros desmontados).