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Editoras prevêem forte expansão nas vendas

Valor Econômico - 17/09/2007

O bom momento vivido pelo mercado editorial leva grandes e tradicionais editoras do país a projetar expansão de dois dígitos neste ano. Empresas como Record, L&PM e Sextante projetam aumento de 10% nas vendas e há casos em que o resultado esperado é ainda maior. A Nova Fronteira, do grupo Ediouro, espera encerrar o ano com expansão superior a 50%. O desempenho sustenta-se por uma combinação de fatores positivos: estabilidade da economia, crescimento da renda, desenvolvimento de novos canais de distribuição e lançamento de edições mais econômicas, com ênfase nos livros de bolso. Com produtos mais baratos, as editoras se aproximam dos consumidores que não são habituais freqüentadores de livrarias. É este mesmo público que lota os pavilhões da XIII Bienal Internacional do Livro, que se realiza no Riocentro até domingo. A Bienal, mais do que um evento para fechamento de negócios, é uma oportunidade para as editoras mostrarem a produção em estandes modernos e coloridos, visitados por clientes de todo o país. Marcus Gasparian, diretor editorial da Paz e Terra e sócio da livraria Argumento (três lojas no Rio), avalia que o mercado do livro está pronto para atacar o segmento de baixa renda. A gaúcha L&PM começou a fazer livros de bolso em 1997 e hoje tem em catálogo 650 títulos. "Sobrevivemos graças ao leitor", diz Ivan Pinheiro Machado, diretor editorial da L&PM. Em 2007, a L&PM deve crescer 10% e faturar R$ 14 milhões (US$ 7,2 milhões). Sérgio Machado, presidente do Grupo Editorial Record, avalia que o mercado está agitado, movimento que pode levar a um novo ciclo de consolidação no setor. Na Bienal, ele está lançando duas novas unidades de negócios: o Galera Record, para público jovem, e o Bestbolso, com obras entre R$ 14,90 (US$ 7,63) e R$ 19,90 (US$ 10,2). "São livros que estão sendo apresentados de forma mais econômica mas com boa qualidade", diz Machado. Ele prevê que a receita do grupo deve crescer 10% este ano em relação a 2006, para R$ 90 milhões (US$ 46 milhões). Para Marcos Pereira, sócio da editora Sextante, o mercado editorial vive acirrada disputa por títulos. Um bom exemplo deste fenômeno é o da Intrínseca, editora da qual a Sextante tem 50%. A Intrínseca deve crescer cerca de 800% este ano em relação a 2006 por força do best-seller "A menina que roubava livros". A Sextante, que projeta crescimento de 10% no segmento de não ficção em 2007, aposta na distribuição em supermercados e varejistas como Lojas Americanas. Em geral, as editoras não enxergam mais esse tipo de varejo como canal para desova de estoques elevados. "São novos canais para atingir novos consumidores", diz Mauro Palermo, diretor superintendente da Nova Fronteira. De janeiro a agosto, a empresa aumentou as vendas em 46% beneficiando-se da estrutura de marketing da Ediouro. "O caçador de pipas", lançado pela Nova Fronteira em 2005, já vendeu mais de um milhão de exemplares. Mariana Zahar, diretora-executiva da Jorge Zahar, prevê que, no mínimo, as vendas aumentem 30% no fim do ano em relação a dezembro de 2006. No acumulado de 2007, a Jorge Zahar, especializada em não ficção, deve aumentar o faturamento em 6% a 7%.