Ecossistema de São José inspira inovação e faz empresas adotarem 'jeito de startup'
Conceito de startup é adotado por grandes empresas e atrai novos negócios para São José
O ValeInovação é palavra de ordem nos negócios do século 21, valendo tanto ao pipoqueiro quanto para a gigante da aviação Embraer, com seus 18 mil funcionários.
Quem se esquecer de pensar ou fazer diferente pode estar com os dias contados no mercado. Nesse contexto, a startups tornaram-se um modelo de negócio almejado por diversas empresas, não apenas àquelas ainda engatinhando.
Pensar e trabalhar como startup tem feito a diferença a diversas empresas de São José dos Campos, um dos ecossistemas de startups mais consolidados do país.
Terceira maior fabricante de aviões do mundo, a Embraer colocou um X após seu nome e batizou seu braço disruptivo de Embraer-X, espécie de startup dela mesma. Dali também nasceu a Eve Air Mobility, empresa controlada pela Embraer que desenvolve o carro voador elétrico.
O conceito de startup também está impregnado na DM, administradora de cartões de crédito private label e plataforma tecnológica de serviços financeiros. A empresa de São José emprega 900 funcionários, 150 deles desenvolvedores no Laboratório de Ciência de Dados, para inovar no mercado financeiro.
A companhia expande sua sede e vai dobrar o espaço que ocupa num prédio da região oeste de São José. O local sem divisórias, recheado de frases motivacionais e com área para lazer dos empregados tem a cara de startup.
"Estamos sempre inovando para oferecer novas ferramentas para cuidar dos clientes", disse Sandra Castello, diretora de Marketing e Pessoas da DM. Ela confirma que a 'pegada de startup' da DM não é à toa, mas serve para deixar o ambiente mais inclusivo e criativo.
Principal referência da região para o desenvolvimento de startups, o Nexus, o hub de inovação do Parque Tecnológico de São José, abriga atualmente 73 startups. Do total, 19 estão na fase de ideação, de tirar a ideia do papel. As demais estão na fase de amadurecimento do modelo de negócio.
O Nexus realiza dois processos seletivos por ano, um por semestre, para atrair novas startups. A abertura das inscrições para a próxima rodada será em 27 de fevereiro.
ATRAÇÃO
"O ecossistema do Vale é muito maduro. Temos na região diversos atores de peso. As grandes empresas têm buscado a região pela proximidade de grandes centros. Há diversas universidades gerando mão de obra altamente qualificada desde a graduação e as escolas de ensino médio têm percebido essa movimentação e se atualizado também", avaliou Alessandro Valerio, head do Nexus.
"Com isso, a região começa a atrair investimentos de outras fontes, ou seja, recursos privados, por meio de fundos de venture capital e investidores anjo, que buscam investir em ideias e projetos inovadores. E as instituições governamentais têm apoiado e contribuído para esse desenvolvimento."
Por falar em capital privado, a startup de São José Nick Saúde recebeu US$ 25 mil para tracionar a plataforma pela Microsoft. A Nick criou uma jornada digital para atendimento em saúde, que serve a hospitais, clínicas, serviços de emergência e de saúde pública. A plataforma acompanha o paciente do agendamento da consulta até a alta da unidade.
"Implementamos tecnologia como geo-localização, mineração de dados e biometria facial de forma fluida e simples aos usuários, deixando a jornada de atendimento muito mais humanizada", disse a diretora Flávia Quintanilha.
Atualmente, a startup conta com oito clientes entre municípios e hospitais privados, e mais de 300 mil atendimentos já foram realizados através da Nick.
“Em 2023, seguimos nossa meta de crescimento de mercado. A expectativa é dobrar o tamanho da operação. Nossa equipe hoje é de 15 profissionais e devemos expandir em contratações voltadas para inteligência comercial e customer care. Afinal, um dos nossos grandes focos é oferecer, além da experiência do paciente, excelência na experiência do uso da plataforma aos nossos clientes”, disse Flávia.