12/01/23 12h19

Economia começou a favorecer hidrogênio verde em 2022

Tecnologia atraiu mais atenção em meio aos altos preços do gás e políticas climáticas

EPBR

Estudo da Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês) mostra que, em 2021, a demanda global de 94 milhões de toneladas de hidrogênio foi atendida quase inteiramente por fósseis, sendo 62% de usinas de reforma de gás natural dedicadas sem captura de CO2.

O domínio dos fósseis ocorre por dois motivos principais: escala e preço. Mas em 2022 os ventos começaram a mudar.

De acordo com a agência, no ano passado, a economia favoreceu o hidrogênio de baixa emissão a partir da eletrólise com renováveis, devido aos altos preços do gás natural.

“Os governos de todo o mundo têm procurado preencher a lacuna de custo restante e gerenciar os riscos futuros do preço do gás natural para os produtores de hidrogênio”, explica.

Ao mesmo tempo políticas climáticas passaram a direcionar recursos significativos para projetos de energia limpa.

Como exemplo de sinais favoráveis aos projetos que combinam instalações de geração renovável — normalmente eólica e solar — e eletrolizadores para produzir o chamado hidrogênio verde, a IEA cita os novos créditos fiscais da Lei de Redução da Inflação dos EUA e subsídios da União Europeia no programa Projetos Importantes de Interesse Europeu Comum (IPCEI).

“São exemplos de políticas que visam estabelecer liderança tecnológica, cortar emissões e reduzir a demanda futura de combustíveis fósseis”, classifica.

“Como resultado, os projetos têm maior probabilidade de tomar decisões de investimento em um futuro próximo e, assim, gerar receita para muitos detentores de patentes nessa área”.

Ainda assim, a IEA aponta que levará vários anos até que os projetos tenham um impacto cumulativo na demanda de energia e nas emissões.

Panorama

  • Usinas a carvão ininterruptas, principalmente na China, forneceram 19% do total de hidrogênio consumido em 2021;
  • O domínio dos combustíveis fósseis tornou a produção de hidrogênio responsável por mais de 900 Mt de emissões diretas de CO2 em 2020 (2,5% das emissões globais de CO2 em energia e indústria);
  • Investimentos motivados por preocupações climáticas estão crescendo: 16 usinas a gás natural com captura de carbono (CCUS) produziram 0,7 Mt de hidrogênio de baixa emissão (0,7% da produção total de hidrogênio) em 2021, enquanto a eletrólise foi responsável por cerca de 0,04% da produção.

Foco na eletrólise

A IEA analisou as tendências de patenteamento em tecnologias de produção de hidrogênio nos últimos vinte anos e identificou que o foco na eletrólise tem negligenciado outras alternativas de baixa emissão, como biomassa e resíduos.

Entre 2007 e 2011, houve uma aceleração nos registros relacionados às rotas que utilizam biomassa ou resíduos (via gaseificação ou pirólise), chegando a pouco mais de 100 em 2011, mas começaram a diminuir depois disso.

Em compensação, as patentes para produção via eletrólise estão em uma curva acentuada de crescimento — em 2020 mais de 500 foram depositadas.

Em busca de um marco legal

No Brasil, o hidrogênio entrou nos discursos dos ministros de Estado do novo governo Lula (PT), como uma aposta de elemento indutor do crescimento econômico brasileiro baseado em uma agenda de investimentos verdes e reindustrialização.

Entretanto, ainda falta uma estratégia clara e marcos regulatórios que tragam segurança aos investimentos.

Fonte: https://epbr.com.br/economia-comecou-a-favorecer-hidrogenio-verde-em-2022/