Eaton planeja localizar conectores de olho em mercado de R$ 1,7 bilhão
Empresa começou a treinar equipe local, reuniu-se com executivos de montadoras e de fábricas de chicotes e tem como meta conquistar 10% de participação
AutoDataPassados pouco mais de dois anos da sua última grande nacionalização, o processo produtivo das válvulas ORVR, em Valinhos, SP, que recentemente alcançou a marca de 1 milhão de peças produzidas, a Eaton já tem sua nova aposta para produzir localmente, de olho no mercado de eletrificação: conectores e transmissores.
“Nosso grande objetivo é localizar sempre, com transferência de tecnologia. Vender é uma consequência, queremos realmente oferecer algo diferente, que se torne referência para o mercado”, afirmou Márcio Seleghin, gerente de estratégia de produto e responsável por conduzir a área de integração para terminais e conectores no Grupo Mobility América do Sul.
Os planos, segundo Seleghin, são estabelecer produção local do segundo semestre de 2025 ao início de 2026. E a tendência é a de que a fábrica seja instalada no complexo industrial de Valinhos, de acordo com ele uma unidade maior, com mais funcionários e mais diversa em termos de produtos.
Até que isso aconteça, porém, a companhia vai dando seus primeiros passos com treinamento de equipe local e reuniões com executivos de montadoras e fábricas de chicotes a fim de prospectar clientes. Em paralelo vem desenvolvendo estudo para a localização, o que deverá ser concluído até o fim deste ano.
A Eaton busca conquistar pelo menos 10% do mercado de conectores e transmissões no Brasil, estimado por Seleghin de US$ 300 milhões a US$ 350 milhões, algo como R$ 1,5 bilhão a R$ 1,7 bilhão. É a mesma fatia que detém no mercado global, estimado de US$ 1,5 bilhão a US$ 2 bilhões.
O executivo assinalou que em torno de 70% dos itens utilizados atualmente no Brasil são importados, ainda que vendidos por fabricantes de chicotes instaladas localmente – movimento que a própria Eaton faz. Ou seja: trata-se de uma nova área da indústria que começará a ser desenvolvida.
“Vamos precisar de investimento. A velocidade com que acontecerá, porém, dependerá das políticas de incentivo do governo”, disse, ao emendar que o recente anúncio de investimentos das montadoras que superam os R$ 100 bilhões deverá acelerar esta necessidade.
A Eaton possui em torno de 2,5 mil terminais disponíveis em seu portfólio, que de acordo com Seleghin são passíveis de venda para qualquer cliente, uma vez que todos os ferramentais e design são da companhia.
Será feita análise de quais componentes serão mais demandados mas, ao se considerar que um carro a combustão requer terminais conectores de baixa tensão e um eletrificado usa além destes componentes de alta tensão, a expectativa é a de que aumente em 20% o volume de componentes e de produtos diferentes, que são mais complexos.