22/03/10 10h34

DuPont vai exportar blindagem popular desenvolvida no país

Valor Econômico

Identificado como terra de samba e futebol, e mais recentemente considerado "a bola da vez" na economia mundial, o Brasil é conhecido também por seus índices de violência urbana, que se transformaram em oportunidade de negócio para multinacionais que atuam no mercado de defesa e segurança. Caso da DuPont, gigante americana que desenvolveu localmente uma tecnologia de blindagem automotiva "popular", que deverá ser exportada no médio prazo para países como Colômbia e México. No país, maior mercado mundial de blindagem civil, a empresa lançou em outubro de 2008 uma solução mais barata, mais leve e de aplicação mais rápida, com o objetivo de atingir consumidores que querem proteção, porém não dispõem dos R$ 50 mil (US$ 27,8 mil) médios cobrados para blindar um veículo pelo sistema tradicional.

A tecnologia, batizada DuPont Armura, se enquadra no nível I de blindagem previsto na Norma do Exército Brasileiro (NEB), que ainda é pouco utilizado segundo empresas blindadoras, em razão do nível de proteção inferior ao da blindagem mais procurada (nível III-A). Contudo, a estratégia da companhia americana é justamente a de se posicionar no nicho intermediário de segurança: entre o filme antivandalismo, que protege contra ataques com armas brancas, e a blindagem tradicional, que suporta tiros de armas como Magnum 44 ou submetralhadoras Uzi, e pode custar até R$ 65 mil (US$ 36,1 mil).

De acordo com a gerente de negócios para DuPont Armura, Guadalupe Franzosi, a fase de pesquisas para desenvolvimento do sistema envolveu a análise de vasta documentação produzida pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Armas, que indicou que 97% das armas apreendidas no país eram calibre 38, cujos tiros são suportados pelo produto da DuPont. "Decidimos, então, que esse seria o segmento de atuação, sabendo que nenhum veículo se transforma em um carro-forte por conta de blindagem", conta a executiva. "Estudamos Brasil, Colômbia e México, mas optamos pelo país por ter o maior mercado", acrescenta.

Por ano, cerca de 7 mil veículos são blindados no Brasil, número pouco expressivo se considerados os cerca de 3 milhões de veículos e comerciais leves que foram vendidos no Brasil em 2009, segundo dados da Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), porém alto o suficiente para colocar o país na liderança global.

Assim, de fornecedora das empresas blindadoras, com a fibra de aramida Kevlar - marca que virou sinônimo de produto - e polímeros para a blindagem de vidros, a DuPont passou a concorrente com uma tecnologia de peças pré-moldadas, prontas para instalação, e custo médio de R$ 20 mil (US$ 11 mil). Atualmente, a DuPont oferece o sistema para os modelos Civic (da Honda), Corolla (Toyota), Vectra (Chevrolet) e Pajero TR4 (da Mitsubishi). Em maio, lançará a tecnologia para um novo modelo, ainda confidencial.

Além de ampliar o leque de modelos de veículos atendidos, a DuPont também se dedicará à expansão da área de atuação em 2010. "Vamos buscar abrangência nacional", diz Guadalupe. Nos próximos 60 dias, o serviço, que já está disponível em São Paulo (SP) - com atendimento também a clientes do Rio de Janeiro (RJ) -, Campinas (SP), São José dos Campos (SP) e Recife (PE), chegará a Fortaleza (CE) e Goiânia (GO). "Temos o objetivo de levar o produto a outros países, como México e Colômbia", acrescenta. A Argentina, cujo momento econômico ainda é bastante delicado, também é destino potencial do Armura.