18/02/11 11h21

DuPont reforça aposta na blindagem

Valor Econômico

A DuPont, multinacional americana que desenvolveu no Brasil um sistema de blindagem de carros a preços mais acessíveis que os do processo tradicional, vai reforçar a aposta nesse mercado ao longo de 2011 e mais do que dobrar o tamanho de seu portfólio no país. Até o fim do ano, o número de modelos que podem receber essa tecnologia de proteção deverá chegar a 12, considerando-se os sete lançamentos previstos, e o sistema vai estrear em pelo menos mais três capitais brasileiras: Porto Alegre (RS), Belo Horizonte (MG) e Belém (PA). "Queremos crescer cinco vezes em relação às vendas de 2010", conta a gerente de negócios da DuPont, Guadalupe Franzosi, responsável pela área de proteção automotiva da companhia no Brasil.

No longo prazo, o objetivo da companhia é mais ambicioso: estar presente em 3% do mercado automotivo nacional, considerando-se os modelos que podem receber a tecnologia. "Quanto maior for o portfólio, maior será o volume de negócios", diz a executiva. Atualmente, no país, pouco mais de 7 mil veículos são blindados anualmente, número relativamente baixo quando se considera o tamanho da frota nacional, de 30 milhões. Um dos principais apelos do sistema DuPont Armura, segundo Guadalupe, está no preço - em linha com a estratégia de popularizar cada vez mais a tecnologia de blindagem no país. Para ter instalado o produto, que se enquadra no nível I de blindagem previsto na Norma do Exército Brasileiro (NEB), o cliente deve desembolsar entre R$ 18.950 (US$ 11.147) e R$ 24 mil (US$ 14,1 mil), ante os R$ 50 mil (US$ 29,4 mil) médios cobrados para blindar um veículo pelo sistema tradicional.

Além disso, o peso do Armura, de 90 quilos no caso de um sedã e 80 quilos para SUV, equivale a cerca de um terço dos demais sistemas e, assim, não impõe mudanças à manutenção do veículo - de acordo com o nível, a blindagem pode adicionar 800 quilos ou mais ao peso de um veículo. Por enquanto, apenas proprietários dos modelos Corolla (Toyota), Vectra (Chevrolet), Civic (Honda), Pajero TR4 (Mitsubishi) e Tucson (Hyundai) têm acesso ao sistema da DuPont, que se situa em um nível intermediário de proteção, acima do filme antivandalismo, que protege contra ataques com armas brancas, e abaixo do sistema tradicional, que suporta até tiros de submetralhadoras Uzi. Já no próximo mês, serão lançados os sistemas adequados ao Fit, da Honda, e ao Agile, da GM, o que marcará a entrada da companhia, e do Armura, em um novo nicho, o dos compactos ou hatchs pequenos.

Conforme Guadalupe, a DuPont percebeu que há demanda por serviços de blindagem nesse segmento a partir de inúmeras solicitações encaminhadas por parceiros e clientes. Em abril, a ideia é lançar o Armura para o Sportage, da Kia, e anunciar novos modelos a cada 45 ou 50 dias até outubro. No ano passado, houve apenas um lançamento, do Armura para Hyundai Tucson. Conforme Guadalupe, o fato de o orçamento anual para o sistema ter sido aprovado entre outubro e novembro de 2009, quando a economia ainda sentia alguns efeitos da crise, explica o ritmo lento de lançamentos em 2010. "Ainda assim, as vendas foram equivalentes a pouco mais que o do que o dobro do registrado em 2009", conta, sem revelar o faturamento da área.

Em paralelo aos lançamentos, a companhia dará continuidade à expansão geográfica, acelerada no ano passado. Em 2009, o Armura estava disponível apenas em São Paulo. No ano passado, chegou a Recife (PE), Fortaleza (CE), Salvador (BA) e Rio de Janeiro. O principal desafio para entrar em novos mercados no país, conta Guadalupe, é encontrar a parceria correta. Para levar a tecnologia para outros países, uma das ambições da DuPont, a tarefa é mais complicada. "É preciso ter acesso a dados confiáveis sobre níveis de segurança e violência na região, a fim de oferecer o sistema de blindagem adequado", explica. Neste momento, a companhia está analisando dados relativos ao México.