15/10/07 13h44

Duke compra duas PCHs e volta a investir em geração no Brasil

Valor Econômico - 15/10/2007

À disposição dos executivos da Duke Energy, multinacional de energia dos EUA, sempre esteve um minucioso relatório a respeito das atividades de sua filial no Brasil. Maior investimento do grupo fora do território americano, o que por si só já justificaria um acompanhamento mais de perto, o monitoramento também ganhou corpo com o racionamento de energia de 2001 e suas conseqüentes perdas. E o prejuízo foi tão forte que, por vezes, o mercado chegou a dizer que o desejo dos americanos era mesmo o de vender as oito usinas hidrelétricas, localizadas no Estado de São Paulo e geradoras de 2,2 mil megawatts (MW), e deixar o país. A Duke comprou os ativos no processo de privatização de 1999 por cerca de US$ 1 bilhão. Só que o tempo de prejuízos ficou para trás. E com o azul de volta aos demonstrativos financeiros, a multinacional resolveu abrir o cofre novamente e adquirir duas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) junto à DEB, a detentora dos projetos. Mais que uma simples aquisição, contudo, a investida marca o retorno da Duke aos investimentos no Brasil, fato que não acontecia desde 1999. Mario Silva, diretor de planejamento estratégico da Duke no Brasil, prefere manter o valor da transação em sigilo. No entanto, segundo fontes de mercado, somente a cessão do projeto dessas duas PCHs, que juntas vão gerar 32 MW, provavelmente custaram perto de R$ 13 milhões (US$ 7,12 milhões). E como a intenção é tirá-las do papel em breve, quem conhece o setor afirma que a Duke precisará desembolsar mais US$ 64 milhões. Contudo, este primeiro movimento da Duke pós-privatização não é isolado. Com foco claro na geração de energia no Brasil, Mario Silva conta que a empresa já começou a fazer um inventário de um rio localizado em Minas Gerais. Mesmo com o inventário debaixo de braço, é preciso iniciar o projeto básico, que vai determinar se as hidrelétricas têm ou não viabilidade econômica. Toda esta nova postura da Duke no país não foi obra do acaso. Foi resultado de uma política determinada pela matriz, que deu à área internacional a possibilidade de investir US$ 1 bilhão entre 2008 e 2012. Leia-se área internacional as filiais da multinacional na Argentina, Brasil, Peru, Guatemala e El Salvador. Mas obter o recurso não é tão simples assim. Primeiro, porque ele sairá do próprio caixa da região. E depois, porque ele não será distribuído de forma igual entre todos. Para o Brasil, a estratégia é clara. A filial local pretende abocanhar os recursos com iniciativas voltadas à geração de energia alternativa (PCHs, eólica e bagaço de cana-de-açúcar), hidrelétricas de médio porte (até 500 MW) e térmicas a gás natural, caso o insumo esteja à disposição.