10/11/09 10h50

Disputa promete ser acirrada para levar o terminal de grãos da Cargill

Valor Econômico

O leilão do terminal de grãos da Cargill, no porto de Santos (SP), marcado para hoje, promete uma acirrada disputa. Grupos de peso do mercado de commodities agrícolas faziam ontem os últimos preparativos de suas propostas pelo ativo, considerado estratégico para o comércio de soja nas regiões Centro e Sudeste do país nos próximos 25 anos. O evento é conduzido pela Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo), que administra o porto.

Um consórcio considerado forte candidato a vencer a disputa é o integrado pelo grupo francês Louis Dreyfus e pela própria Cargill, segundo apurou o Valor com fontes do setor. Os dois grupos estão entre as quatro maiores tradings de grãos do mundo, conhecidas no mercado como ABCD - ADM, Bunge, Cargill e Dreyfus. A Cargill é uma das maiores interessadas em continuar com o ativo, uma vez que opera ao lado o Teag, terminal de açúcar em saco e a granel, obtendo sinergias entre as duas operações.

O terminal de granéis é operado pela Cargill desde 1985 e conta com área de 48 mil metros quadrados. O contrato com a multinacional foi válido por dez anos e prorrogado por mais dez. Quando expirou, no fim de 2005, a Codesp estendeu por mais três anos. Desde o início de 2009, a empresa opera o terminal com base em um contrato emergencial, inicialmente de seis meses, prorrogado por mais seis, até 2 de janeiro de 2010 ou até a homologação do resultado da licitação. O processo de licitação conduzido pela Codesp já teve aprovação da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), e do Tribunal de Contas da União (TCU).

O novo contrato, seguindo a Lei 8.630/93 (Lei dos Portos), terá vigência de 25 anos, prorrogáveis por outros 25 anos, se houver "interesse público". Quem ganhar a licitação deverá desembolsar o total de R$ 67,7 milhões (US$ 39,4 milhões) - R$ 43,45 milhões (US$ 25,3 milhões) como remuneração pelas benfeitorias existentes, uma outorga inicial de R$ 11,25 milhões (US$ 6,54 milhões) e fazer investimentos de R$ 13 milhões (US$ 7,6 milhões) em modernização das operações e em outras benfeitorias.

Será vencedor quem oferecer o maior ágio, classificado pela Antaq de "custo de oportunidade do negócio". Além desses valores, o ganhador da licitação deverá pagar à autoridade portuária tarifas 21% e 28% maiores pelo metro quadrado de área arrendada e pela tonelada de carga movimentada. A cobrança passará de R$ 1,56, atual, para R$ 1,90 por metro quadrado no terminal.

A Cosan, maior grupo de açúcar e álcool do mundo, apontada como uma possível participante nesta briga, não participará do leilão, mas deixou a porta aberta para se unir a um vencedor no futuro, conforme apurou o Valor. Procurada, a empresa não retornou as ligações.

Segundo informações obtidas na Codesp foram vendidos 33 editais da licitação, o que demonstra o forte interesse pelo leilão do terminal, o maior de grãos do país. Os demais grupos interessados do ramos de grãos e açúcar são Caramuru, Multigrain, ADM, ED&F Man, Sucden, Noble Group, além da Vale e sua ferrovia FCA e do Wilson, Sons.