11/11/09 11h47

Disputa acirrada pela Copebrás

Valor Econômico

Promete ser acirrada a disputa pelos ativos da Copebrás, segunda maior fabricante de matérias-primas para a produção de fertilizantes do país. Controlada pela sul-africana Anglo American, a Copebrás foi colocada à venda em 23 de outubro, em decorrência de uma reestruturação anunciada pela multinacional de mineração. No mercado, o negócio é avaliado em pelo menos US$ 1,2 bilhão.

A primeira companhia a manifestar publicamente seu desejo de adquirir as operações que não interessam mais aos sul-africanos foi a brasileira Vale. No dia 3, em Londres, o presidente da empresa, Roger Agnelli, confirmou a disposição de negociar tendo em vista a pretensão da Vale de fortalecer sua frente de fertilizantes. Mas a Vale não é a única. Maior fabricante de matérias-primas para adubos do país, a Fosfertil também deverá entrar na briga. Com ações negociadas em bolsa, como a Vale, a Fosfertil é controlada por uma holding (Fertifos) que tem entre seus maiores acionistas as americanas Bunge e Mosaic e a norueguesa Yara, nesta ordem, que estão entre as maiores do mundo no mercado de adubos.

Para analistas, os grupos que estão na Fosfertil também poderão avaliar individualmente a Copebrás. Outra possibilidade é a participação de fundos de investimentos no processo, sozinhos ou em parceria com empresas do ramo. Ao jornal "A Tribuna", de Santos, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Química da região, Herbert Passos Filho, disse que já foi consultado sobre a Copebrás por um fundo americano.

Para a maior parte das fontes consultadas pelo Valor, a Vale é a favorita na disputa, pela frequência com que reitera sua intenção de crescer no segmento de fertilizantes e por contar com uma situação de caixa mais confortável. Seus resultados nos nove primeiros meses do ano pioraram em relação a igual intervalo de 2008, quando os preços das commodities estavam em franca ascensão, mas ainda assim a musculatura é invejável.

A Copebrás, que em 2008 faturou aproximadamente US$ 600 milhões, explora uma jazida de fosfato em Catalão, Goiás, que já tem capacidade para produzir 1,3 milhão de toneladas de concentrado de fósforo por ano, suficientes para gerar 1 milhão de toneladas de fertilizantes fosfatados. Antes de ser colocada à venda, tinha concluído um estudo de pré-viabilidade para investir US$ 1 bilhão no complexo goiano e elevar essas capacidades anuais para 3 milhões de toneladas de concentrado de fósforo e 2,2 milhões de toneladas de fertilizantes fosfatados.

Com a jazida e o complexo mineroquímico de Catalão e operações em Cubatão, São Paulo, a Copebrás tornou-se, nos últimos anos, o principal negócio do grupo Anglo American no Brasil, pelo menos do ponto de vista do faturamento. Ainda assim, sempre foi alvo da cobiça de concorrentes e de rumores de que de fato seria vendida, principalmente por se tratar do único braço de adubos da múlti.