15/09/09 09h45

Disparada do açúcar estimula aportes em usinas no Centro-Sul

Valor Econômico

Estimulados pela forte alta do açúcar nas bolsas internacionais, que este ano já atingiu 89% na bolsa de Nova York, parte dos grupos sucroalcooleiros do Centro-Sul do país começa a investir em fábricas de açúcar em unidades exclusivas de etanol. Já as que produzem açúcar em suas unidades estão ampliando a capacidade de suas usinas para se beneficiar da valorização da commodity.

As consultas para esse tipo de investimento se intensificaram a partir de julho e uma parte delas já foi convertida em pedidos. Os aportes nessas fábricas variam entre R$ 40 milhões (US$ 21,6 milhões) a R$ 60 milhões (US$ 32,4 milhões), dependendo do tamanho do projeto, segundo empresas consultadas pelo Valor. Os aportes em fábricas de açúcar ainda são localizados, restritos a grupos menos alavancados e situação financeira não tão delicadas, como boa parte das usinas do setor, que está em crise.

Com perfil açucareiro, a Açúcar Guarani, controlada pelo grupo francês Tereos, decidiu antecipar em um ano os investimentos programados para a unidade paulista de Tanabi, informou Jacyr Costa, presidente da companhia. A unidade estava programada parar receber os aportes a partir de 2010. Também de olho na maior remuneração da commodity, a Bunge deverá antecipar seus investimentos em uma fábrica de açúcar em sua unidade de Pedro Afonso (TO), com início das operações previstas para 2010.

Para Antonio de Padua Rodrigues, diretor-técnico da Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar), boa parte dos investimentos, neste momento, deverá se concentrar na ampliação da capacidade de produção de açúcar das usinas já instaladas. Rodrigues acredita que projetos de construção de fábricas novas deverão ocorrer quando o setor tiver mais capitalizado.

O grupo Cosan, com 23 unidades produtoras, decidiu ampliar a capacidade de produção de açúcar de três unidades paulistas, afirmou Pedro Mizutani, vice-presidente geral do grupo. Segundo ele, estes investimentos deverão elevar em 10% a produção dessas usinas. Para Josias Messias, presidente do Procana - Centro de Informações Sucroalcooleiras -, estes recentes investimentos deverão elevar em 1 milhão de toneladas de açúcar a capacidade de produção do setor. Nesta safra 2009/10, a produção está estimada em 35 milhões de toneladas.

Mesmo sem a grandeza dos bilhões que movimentaram o setor durante o boom do etanol, esses investimentos voltaram a animar as indústrias de base e de equipamentos. A Dedini, de Piracicaba (SP), recebeu pedidos de consultas em fábricas de açúcar para serem instaladas em destilarias construídas recentemente, sobretudo na região Centro-Oeste do país, afirmou Sérgio Barreira, diretor da companhia. No polo industrial de Sertãozinho (SP), as empresas locais também foram consultadas, como a Brumazi, que também realiza projetos para elevar a capacidade de produção de unidades instaladas, segundo Paulo Lança, diretor de marketing do grupo. João Rossigalli, diretor-comercial da Sermasa, também de Sertãozinho, afirmou que investimentos na ampliação da produção de uma unidade existente são mais rápidos. De acordo com ele, grupos que tinham adiado seus projetos por conta da crise começaram a pedir para atualizar os projetos.