Direção do Porto de Santos quer produzir hidrogênio verde em Itatinga
Presidente da APS, Anderson Pomini, reforça intenção de PPP para modernização de Usina Hidrelétrica
A TribunaO Porto de Santos quer produzir hidrogênio verde a partir da Usina Hidrelétrica de Itatinga. Para isso, a Autoridade Portuária de Santos (APS) prepara um modelo de concessão da usina por meio de uma parceria público-privada (PPP), com lançamento do edital em 2024. O pacote de concessão incluirá investimentos na modernização do equipamento para expansão do fornecimento de energia e eletrificação do cais e exploração turística. O investimento previsto para a planta de hidrogênio verde é estimado em R$ 500 milhões pela estatal.
O presidente da APS, Anderson Pomini, entende que Santos sai na frente em termos de infraestrutura para a produção de hidrogênio verde em comparação a portos do Nordeste que desenvolvem projetos de energia limpa.
“A nossa hidrelétrica se apresenta com enorme potencial para geração de hidrogênio verde porque toda a infraestrutura está montada. O Capex (investimento em infraestrutura) exigido para a geração do nosso hidrogênio verde corresponde a 20% de outros parques que foram anunciados no Nordeste. O nosso exige, no máximo, R$ 500 milhões para geração de energia com possibilidade de eletrificação dos nossos cais, que é uma demanda internacional”.
No entanto, Pomini explicou que o pacote de concessão é ainda mais abrangente. “No próximo ano, nós publicaremos uma parceria público-privada que poderá fazer com que a nossa hidrelétrica seja explorada por um privado, com geração de energia convencional e hidrogênio verde, além de exploração turística daquele local”.
Um dos objetivos, segundo ele, é modernizar a usina para expandir a capacidade de distribuição da energia elétrica produzida. “Hoje, geramos cerca de 15 megawatts por hora e usamos 7 megawatts. E o investimento é necessário para a troca dos fios de alta tensão. Pensando nisso, os nossos técnicos se debruçaram sobre a possibilidade da geração de energias renováveis, respeitando a sustentabilidade que é uma pauta importante para o Porto de Santos”.
Atualmente, a energia produzida em Itatinga abastece a sede administrativa do Porto de Santos em 99% e mais 10 terminais arrendatários em 35%. O gerente de utilidades da APS, Rafael Apolinário dos Santos, explicou que o plano de ampliação da matriz energética do Porto de Santos tem duas frentes que convergem em projetos de sustentabilidade: hidrogênio verde e eletrificação do cais.
“É uma tendência cada vez maior no mundo. Os navios atracados no cais utilizam combustíveis fósseis para manter seus motores em funcionamento. Mas, se a gente substituir (abastecimento) por energia elétrica, utilizamos uma energia sustentável, verde, para manter os navios em operação no cais, reduzindo significativamente as emissões de gás carbônico e de efeito estufa. Dessa forma, teremos um porto sustentável”.
Quanto à eletrificação no cais, com fornecimento de energia limpa aos navios, Apolinário ressaltou os benefícios ao meio ambiente. “O fornecimento de energia elétrica aos navios atracados no cais traz uma série de benefícios como saúde, sustentabilidade, economia. Isso amadurece a relação Porto-Cidade, pois se você não emite gases tóxicos na atmosfera, traz benefício direto e indireto à sociedade”.
Água e sustentabilidade
Apolinário comentou também que a água de reuso produzida na estação de tratamento de esgoto mantida pela APS poderia ser utilizada na produção de hidrogênio verde. “Nós temos um projeto totalmente viável e ecologicamente correto, que seria referência mundial. A gente também tem alguns potenciais, como o eólico, gás natural, solar e turístico, que poderiam adensar o nosso projeto”.
A partir disso, segundo ele, haveria dois negócios possíveis. "A conversão do hidrogênio em amônia verde, que é melhor para transportar, a cada 1 kg de hidrogênio, são 6 kg de amônia verde, que pode ser exportada tanto para a Europa e outros países com essa demanda, quanto para utilizar dentro do próprio País. E também poderíamos converter o hidrogênio em energia elétrica”.