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Dinamarquesa Novozymes investe em etanol celulósico

Valor Econômico - 10/09/2007

O Brasil deverá ser o primeiro país do mundo a produzir comercialmente álcool de segunda geração, o chamado etanol celulósico. Isso pode até dobrar a capacidade de produção de etanol do país sem a necessidade de plantar novas áreas de cana-de-açúcar. A previsão é de Steen Riisgaard, presidente e CEO da Novozymes, empresa dinamarquesa líder mundial do setor de enzimas. Enzimas são substâncias, normalmente proteínas, que catalizam uma reação química, permitindo que ela ocorra em condições diferentes das normais (mais rapidamente ou em temperatura mais baixa). Isso permite economizar tempo, energia ou uso de outros produtos químicos. As enzimas são usadas em muitos setores, como produtos de limpeza e alimentos (pão e cerveja, por exemplo).   Novozymes é líder na produção de enzimas, com 45% do mercado global, segundo dados da empresa, que deve faturar cerca de US$ 1 bilhão este ano. Ela é um exemplo do modelo empresarial que vem se desenvolvendo nos países nórdicos: companhias de nicho em setores de tecnologia, que usam de mão-de-obra altamente especializada. A segunda maior empresa de enzimas, a Danisco, com 25% da fatia mundial, também é dinamarquesa. O maior foco de pesquisa da Novozymes é o desenvolvimento de enzimas para produção de etanol de segunda geração. Isto é, que pode ser produzido a partir de qualquer planta ou resíduo vegetal, não apenas de cana ou milho. A Novozymes já atua no Brasil. Tem um fábrica em Curitiba, que produz enzimas para várias finalidades, como panificação, rações animais e indústria têxtil, e que centraliza as operações da empresa na América Latina. Riisgaard afirma que as enzimas para o etanol de segunda geração no Brasil seriam provavelmente produzidas no país, "ou na fábrica de Curitiba ou em pequenas unidades próximas das usinas de etanol. Isso vai depender do custo de transporte". Para ampliar sua presença no setor de etanol, a Novozymes deve assinar esta semana, durante a visita do presidente Lula à Dinamarca, um acordo de pesquisa com o CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), de Piracicaba (SP), "com o objetivo de desenvolver o etanol de segunda geração". Isso deve implicar algum novo investimento da empresa no país. A Novozymes espera ainda assinar um acordo de cooperação com a Petrobras, cujos detalhes ainda estavam em negociação na semana passada.