26/06/15 14h19

DHL Supply Chain reforça foco em área da saúde

Braço de logística da alemã vai investir no mínimo R$ 20 milhões a cada ano na operação local voltada ao setor até 2020, com boa perspectiva de aportes adicionais

Brasil Ecomônico

De olho em um mercado que movimenta cerca de R$ 70 bilhões anualmente, a DHL Supply Chain — braço de logística do grupo alemão DHL — está renovando sua aposta no setor de saúde no Brasil. E na contramão das perspectivas pouco otimistas de boa parte das indústrias, a divisão tem a expectativa de no mínimo manter o patamar de investimentos dedicado ao setor no mercado nacional nos últimos cinco anos. Até 2020, o plano da operação é aportar ao menos R$ 20 milhões a cada ano para acompanhar o crescimento projetado nos contratos de coleta, transporte e entrega de medicamentos e equipamentos para farmácias, hospitais, pacientes e grandes varejistas.

“Estamos nos orientando pelo ritmo de crescimento que tivemos nos últimos anos. Mas à medida que conquistarmos novos contratos, iremos aportar os investimentos adicionais necessários para apoiar esses projetos”, diz Marcos Cerqueira, diretor-sênior da área de saúde da DHL Supply Chain no Brasil. “No setor de saúde, o mercado brasileiro é uma das cinco principais operações da divisão. Não há limites para os aportes. Hoje, temos capital, tamanho e disponibilidade para investir de acordo com a necessidade do cliente”, afirma.

Em linha com os aportes realizados nos últimos anos, o executivo explica que o montante já previsto inclui vertentes tecnológicas, como a modernização dos cinco centros de distribuição dedicados ao setor e a atualização do sistema de gestão de armazéns, além do investimento em frentes como a qualificação térmica das câmaras frias instaladas nos veículos para o transporte de produtos como medicamentos e vacinas.

Já no campo dos investimentos adicionais, Cerqueira explica que no modelo de negócios da DHL Supply Chain, o leque de possibilidades é extenso e varia de acordo com o projeto em questão. Com durações, em média, superiores a três anos, os contratos de prestação de serviços podem demandar, por exemplo, o aporte em um novo centro de distribuição, a ampliação de uma unidade ou mesmo a operação instalada nas dependências do cliente.

Segundo o executivo, além do fato de saúde ser uma necessidade básica, outros fatores justificam o potencial do setor. Um primeiro componente é o fato de que, apesar do crescimento do segmento nos últimos anos, as margens dessa indústria estão sendo corroídas em função de questões como a legislação dos genéricos. “As empresas dedicadas a essa vertente conseguem trabalhar com preços mais agressivos, colocando muita pressão nas demais companhias. Esse e outros fatores estão contribuindo para a busca por mais eficiência operacional e, por consequência, para uma maior abertura à terceirização dos processos logísticos”, diz. Dados da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos apontam que o crescimento das vendas de genéricos no primeiro trimestre foram superiores às vendas das outras categorias. Os genéricos registraram salto de 11% nas vendas e de 15,2% em receita.

As fusões e aquisições em diversos elos do setor — com a forte participação de grupos estrangeiros – também é positiva para a empresa, ressalta Cerqueira. “Um cliente com base global provavelmente irá dar preferência a um parceiro logístico com a mesma escala, que permita à empresa ter a mesma consistência de processos que possui em outros países, o que nos favorece”, afirma. O fato de 50% dos produtos no setor serem importados – no caso dos equipamentos médicos, o índice é próximo de 100% — reforça essa necessidade de um parceiro global, diz o executivo.

Aprovada no fim de 2014, a legislação de rastreamento dos medicamentos é outra ponta que promete mexer com o setor. A DHL Supply Chain vem trabalhando nos últimos quatro anos com diversos elos da cadeia e desenvolveu uma solução para que os clientes se adaptem a essa realidade. “Temos um piloto prestes a ser iniciado com um grande cliente e estamos preparados para atender a qualquer prazo da legislação”, diz Fernanda Teles, gerente-sênior de assuntos regulatórios da DHL Supply Chain no Brasil.

Globalmente, a divisão de Supply Chain fechou 2014 com uma receita de € 14,7 bilhões. A América Latina respondeu por cerca de 5% desse montante. Na região, por sua vez, o Brasil representa 70% dos negócios, o que estabelece a receita local da divisão em cerca de € 515 milhões. Com 10 mil funcionários dedicados no país, o setor de saúde tem uma participação de 20% nessa receita local. “Dobramos a operação nos últimos cinco anos e até 2020, nossa projeção é repetir esse desempenho”, diz Cerqueira.