04/03/11 11h31

Desenvolvedores globais diversificam estratégias para concorrer no país

Valor Econômico

Tradicionalmente, a indústria de jogos eletrônicos tem dificuldade para se expandir no Brasil, devido à demora para obter a homologação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) - o que atrasa os lançamentos - e à prática de preços elevados em função da carga tributária. Mas as redes sociais mudaram o cenário do setor. Sem enfrentar problemas desse tipo, desenvolvedores de jogos sociais lançam suas aplicações e acirram a guerra para conquistar novos usuários.

A americana Vostu, dona de títulos como Rede do Crime, Mini Fazenda e Café Mania, foi a primeira a lançar jogos sociais no país, há três anos. A empresa produzia jogos para a rede Orkut, mas o aumento da competição a fez investir em outra plataforma: o celular. Há duas semanas, a Vostu lançou o jogo Rede do Crime para telefones móveis comuns com acesso à internet e smartphones. A expectativa do presidente-executivo da Vostu, Daniel Kafie, é atingir neste ano 20 milhões de usuários desses aparelhos. "O mercado de celulares tem um ritmo de expansão muito forte e os preços dos planos de internet das operadoras estão barateando, o que é um incentivo para a venda de jogos sociais", afirma Kafie. A Vostu tem 30 milhões de usuários que acessam os jogos no Orkut pelo computador. Kafie estima que essa base crescerá ao menos 50% em 2011, para 45 milhões, em média. A empresa também pretende lançar versões dos jogos para MSN.

Fazer frente a um concorrente com essa estrutura exigiu um esforço redobrado da americana Zynga - maior desenvolvedora de jogos para redes sociais no mundo, mas ainda sem operação própria no Brasil. A empresa está captando no mercado financeiro US$ 500 milhões para levar adiante seu projeto de internacionalização, com foco nos mercados emergentes da América Latina e Ásia. No Brasil, a Zynga lança hoje versões em português de jogos como Farmville e Mafia Wars, ambos sediados no Facebook. A empresa firmou parceria com a americana Mentez para distribuir com exclusividade cartões pré-pagos e números de identificação pessoal (PINs) em 1 milhão de postos de venda, entre lan houses, bancas, lotéricas e redes de varejo. "A expectativa é adicionar 5 milhões de usuários com a estratégia de distribuição", diz a gerente de marketing da Mentez no Brasil, Regina Rossito. O diretor sênior de desenvolvimento de negócios da Zynga, Ryan Linton, afirma que o mercado latino-americano, de 22 milhões de usuários, deve crescer acima de 64% nos próximos dois anos. A venda de créditos, que gira em torno de US$ 850 milhões por ano, é o principal meio de receita da Zynga.