23/10/09 12h44

Desembolsos do BNDES no ano já superam os de 2008

Folha de S. Paulo

Escalado como um dos pilares da política do governo para reduzir os efeitos da crise e como um dos financiadores do programa de investimentos da Petrobras, o BNDES bateu, antes mesmo de o ano terminar, o recorde anual de empréstimos desde sua fundação, em 1953. De janeiro até a segunda semana de outubro, o banco tinha desembolsado R$ 105 bilhões (US$ 61,1 bilhões).

Em 2008, que também havia sido ano de recorde, os empréstimos somaram R$ 90,8 bilhões (US$ 52,8 bilhões). A alta entre 2008 e 2009 é de 15%. "Devemos fechar o ano com R$ 120 bilhões, R$ 130 bilhões (US$ 69,8 bilhões, US$ 75,6 bilhões)", prevê o presidente do banco, Luciano Coutinho. Em julho, o BNDES anunciou a maior operação de crédito da história, ao conceder R$ 25 bilhões (US$ 14,5 bilhões) para contribuir com o plano de quase R$ 300 bilhões (US$ 174,4 bilhões) que a Petrobras pretende investir até 2013, na exploração e na produção de petróleo (em especial, na região do pré-sal) e na construção de petroquímicas e dutos. Ainda que seja tirado o desembolso à Petrobras, os resultados do BNDES até setembro apontam para um desempenho, em 2009, superior ao pré-crise. Nos nove primeiros meses deste ano, sem a petroleira, foram emprestados R$ 70,8 bilhões (US$ 41,2 bilhões), ou 18% a mais do que em igual período de 2008.

O desempenho se deve, em parte, ao corte de juros feito nas linhas de financiamento para compra de máquinas e equipamentos, em junho. Em algumas linhas, o juro real (descontada a inflação) chegou a zero. Mas não há planos, segundo o BNDES, de estender a redução de juros além do prazo fixado inicialmente, 31 de dezembro. Segundo o banco, a média diária de pedidos de empréstimo para máquinas e equipamentos ficou abaixo de R$ 80 milhões (US$ 46,5 milhões) em janeiro e fevereiro, após o recorde de R$ 149 milhões (US$ 86,6 milhões) antes da crise. Agora, com o corte nas taxas, recuperou-se e está em R$ 109 milhões (US$ 63,4 milhões). Outro segmento com financiamento em alta foi o de infraestrutura, em especial os projetos do setor elétrico, que levou R$ 13 bilhões (US$ 7,6 bilhões), ou 120% a mais do que nos nove primeiros meses de 2008.