22/09/08 10h47

Demanda por asfalto no Brasil é a maior dos últimos 10 anos

Valor Econômico - 22/09/2008

Asfalto e político costumam trafegar juntos na mesma faixa de rodagem em ano eleitoral. Há pico de consumo do produto nos anos pares quando prefeitos, governadores e presidente liberam verbas do orçamento para obras de pavimentação e a manutenção de ruas, avenidas e estradas. A forte demanda deste ano acabou sendo reforçada pela agenda de investimentos federais do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e investimentos da iniciativa privada nos programas de concessões de rodovias, como Rodoanel paulista, Fernão Dias (São Paulo-Belo Horizonte) e Régis Bittencourt (São Paulo-Curitiba). O impulso por mais asfalto também vem dos Estados. Minas Gerais obteve empréstimo de R$ 2 bilhões (US$ 1,23 bilhão) no Banco Mundial (Bird) e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para asfaltar 225 rodovias. São Paulo investirá cerca de R$ 1 bilhão (US$ 613,5 milhões) entre 2007 e 2009 para recuperar cerca de 4,5 mil quilômetros de estradas vicinais. O resultado é que o consumo de asfalto está provocando a escassez e o racionamento do produto em certas regiões. O problema já tem atrasado a conclusão de algumas obras de pavimentação de rodovias, necessárias para o escoamento de produtos e mercadorias. O consumo de asfalto em 2008 deve voltar a atingir o maior nível dos últimos dez anos, com 1,85 milhão de toneladas, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Asfalto (Abeda), que reúne duas dezenas de empresas, com 60 usinas de industrialização de asfalto no país. A Petrobras, única fabricante de asfalto no país e dona da BR e agora da Ipiranga Asfaltos, duas das maiores distribuidoras do setor, bateu o recorde de produção em julho, quando processou 236 mil toneladas nas nove refinarias que produzem o derivado do petróleo no país. O recorde anterior era de setembro de 1998, quando a estatal fabricou 211,5 mil toneladas. Atualmente, a estatal possui capacidade de produção de asfalto de 2,5 milhões ao ano, suficiente para atender o consumo brasileiro. Mas o investimento que a Petrobras tem realizado para modernizar e ampliar o seu parque de refino tem afetado o abastecimento das distribuidoras de asfalto.