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Demanda por álcool leva o Brasil a safra recorde de cana

Folha de S. Paulo - 01/06/2007

A demanda por álcool levará a uma produção recorde de 527,98 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na safra 2007/2008, de acordo com projeções da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Com essa matéria-prima, as usinas deverão colocar no mercado 20,0 bilhões de litros de álcool e 31,3 milhões de toneladas de açúcar. O crescimento em relação à safra anterior é de 14,5% para a produção de álcool e de 3,6% para a de açúcar. O aumento da oferta do combustível está levando a uma redução de preços. Para conter a queda, o governo deverá elevar de 23% para 25% a quantidade de álcool na gasolina. A medida deverá ser anunciada neste mês e entrar em vigor em julho. O objetivo é aumentar a demanda por álcool e, com isso, forçar os preços para cima ou tentar estabilizá-los. Segundo o ministro Reinhold Stephanes (Agricultura), o governo também está estudando uma forma de evitar as oscilações do preço do álcool. A solução poderá ser a criação de um mercado futuro ou a implantação de estoques reguladores. Nessa última hipótese, poderia haver participação da Petrobras. Em tese, com o aumento da quantidade de álcool misturada, o preço da gasolina pode ter um recuo. Isso porque o álcool é mais barato que a própria gasolina. Na prática, no entanto, os preços aos consumidores são liberados e as oscilações dependem de outros fatores, como o nível de competição entre distribuidoras e entre postos. A perspectiva de recorde da produção de álcool no país foi comemorada pelo governo brasileiro. "Devemos ter encostado nos EUA. Estamos disputando o primeiro lugar", afirmou Stephanes. "Há demanda, o clima foi bom e há investimento em tecnologia". De acordo com o ministro, a expectativa é que o mercado de álcool cresça 10% ao ano nos próximos anos.