20/08/10 15h56

Demanda doméstica impulsiona receita e lucro das companhias

Folha de S. Paulo – 20/08/10

O balanço das empresas de capital aberto no segundo trimestre indica forte alta da demanda doméstica ante o mesmo período de 2009, o que impulsionou receita e lucro, com destaque para construtoras e varejistas. Por outro lado, houve aumento do endividamento das empresas -número impactado pelo aumento de 65,5% das dívidas da Petrobras. Levantamento feito pela Economática a pedido da Folha indica que as receitas de 249 companhias com capital listado na Bolsa somaram 266,6 bilhões de abril a junho, valor 17,5% superior ao mesmo período do ano passado.

Esse resultado provocou uma expansão de 87,2% no lucro operacional das empresas (ganho antes de juros e impostos), que pulou de R$ 27,2 bilhões (US$ 13,8 bilhões) para R$ 51 bilhões (US$ 29,1 bilhões) em um ano. No entanto, como as companhias registraram perdas financeiras de R$ 8,4 bilhões (US$ 4,8 bilhões) no segundo trimestre de 2010 -ante ganhos de R$ 5,9 bilhões (US$ 3 bilhões) no mesmo período do ano passado-, o crescimento do lucro líquido foi menor. Passou de R$ 22,3 bilhões (US$ 11,3 bilhões) para R$ 30,8 bilhões (US$ 17,6 bilhões), em uma alta de 38,1%. Segundo o presidente da Economática, Fernando Exel, o resultado financeiro foi afetado pelo câmbio. "No segundo trimestre de 2009, o dólar caiu 15,7%, o que reduziu o valor em real das dívidas que as companhias têm em moeda americana. Já no segundo trimestre de 2010 ocorreu o contrário, o dólar subiu 1,15%."

A estabilidade da economia e a expansão do mercado de trabalho e do crédito imobiliário impulsionaram o setor imobiliário. A receita das 24 construtoras analisadas cresceu 64,3%, para R$ 8,7 bilhões (US$ 5 bilhões). O lucro líquido subiu 74,7%, para R$ 1,4 bilhão (US$ 800 milhões). Outro setor que teve forte alta de receita (37,1%, para R$ 8,4 bilhões/US$ 4,8 bilhões) foi o de bebidas e alimentos. Parte desse crescimento é resultado de aquisições e fusões com outras companhias, como nos casos da JBS e da BRF Foods (união Perdigão-Sadia). Já a expansão de 672% do lucro líquido das siderúrgicas e de 331% da mineradora Vale é consequência da recuperação das vendas e, principalmente, da alta do preço das commodities metálicas, aponta Eduardo Roche, analista da Modal Asset.