Dell inaugura centro no Brasil
Instalada em São Paulo, unidade reforça a transição da oferta da companhia que, além de equipamentos, inclui software e serviço
Brasil EconômicoNos últimos cinco anos, um mantra tem dominado o discurso da americana Dell: a busca por deixar para trás a imagem de fabricante de computadores para a consolidação de um modelo mais amplo de ofertas, que inclui equipamentos, software e serviços. Um dos principais mercados globais da empresa, o Brasil foi escolhido para o mais recente passo em direção a esse novo posicionamento. A companhia americana inaugurou ontem o seu primeiro centro de soluções no país. Instalada em uma área de 780metros quadrados, em São Paulo, a unidade estará interligada a uma rede de outros 14 centros da Dell ao redor do mundo. Como projeto, o objetivo da companhia é integrar os centros brasileiro e mexicano para atender ao mercado da América Latina.
Mais que um espaço para a simples demonstração de produtos, a ideia da Dell é permitir que seus clientes corporativos possam conhecer todo o portfólio da empresa, conversar com especialistas, desenvolver aplicações sob medida para os seus negócios e testar esses projetos antes de colocá-los efetivamente em operação. Todos esses serviços serão oferecidos gratuitamente. Ao mesmo tempo, essa estrutura envolverá os recursos dos outros centros globais, o que inclui, entre outros fatores, o acesso a 5 mil equipamentos,10 mil profissionais e tecnologias de ponta da Dell e de parceiros como Microsoft, Intel, VMware e Symantec.
Uma das principais frentes dentro do movimento de reposicionamento da Dell, os primeiros centros de soluções da companhia começaram a ser instalados há pouco mais de três anos, como parte de um investimento de US$ 1 bilhão, destinado ao desenvolvimento de serviços e de sistemas. “O comentário mais comum que ainda ouço nos Estados Unidos entre os clientes que visitam nossos centros é: ‘Eu não tinha ideia de que a Dell fazia tudo isso’”, afirma Robert Douthit, vice-presidente de soluções corporativas para as Américas. O executivo é o responsável pelos sete centros de soluções da Dell instalados na região. “Mais que conhecer o portfólio, a importância de ter um centro desse porte é o fato de que o cliente pode arriscar, fazer provas de conceitos e rodar aplicações em novos modelos sem que para isso precise usar seu próprio ambiente”.
A partir de sua experiência nos outros centros da região, Douthit aponta que essas unidades permitem levar o relacionamento com os clientes a um novo patamar. A ideia, diz ele, é fortalecer os contatos e conversas com executivos do alto escalão das empresas. “Dessa maneira, é possível ter um conhecimento mais profundo da estratégia do cliente”. Em termos de resultados práticos para a Dell, o executivo diz que a taxa de conversão para a aquisição de soluções entre os clientes que usam os centros é praticamente o dobro dos índices gerados pelos clientes que não utilizam esse expediente.
Com capacidade de atendimento físico e remoto, o centro de São Paulo já tem 350 atendimentos agendados para o próximo mês. Na média global, 65% das interações nos centros da Dell são físicas e as 35% restantes são virtuais, por meio de um portal.
Raymundo Peixoto, vice-presidente de soluções empresariais da Dell para a América Latina, destaca outro ponto. “A partir desse contato mais próximo com os clientes, podemos descobrir oportunidades que vão alimentar o desenvolvimento de novos produtos”, afirma. No Brasil, ele destaca setores como óleo e gás e finanças como segmentos que têm bom potencial para essa abordagem.
Como parte do novo modelo da companhia — que fechou capital em2013—os executivos não revelam números da operação. Em fevereiro de 2013, quando a empresa encerrou seu último ano fiscal ainda como empresa de capital aberto, as soluções empresariais e os serviços representaram cerca de 30% da receita de US$ 62,1 bilhões no período. “No Brasil, estamos conseguindo capturar rapidamente os resultados dessa transformação”, diz Peixoto.