13/09/16 14h32

Delegação Árabe vem ao Brasil de olho na indústria editorial

Pela primeira vez a Bienal do Livro de São Paulo recebeu uma comitiva da Emirates Publishers Associations, vindos de Sharjah, cidade que realiza a maior feira de livros na região

Apex-Brasil

A convite da Câmara Brasileira do Livro (CBL), por meio do Brazilian Publishers, projeto da CBL em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), a Emirates Publishers Association (EPA) trouxe uma delegação de editores para a 24ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo. Com um mercado cada vez mais aberto à cultura ocidental, a vinda da comitiva teve como objetivo fortalecer a cooperação latino-americana – árabe na indústria editorial.

Com agenda de compromissos na capital paulista, a delegação chefiada pela Sheikha Bodour Al Qasimi, presidente da EPA, encontrou com Luis Antonio Torelli, presidente da CBL, diretores da entidade e com editoras apoiadas pelo projeto de internacionalização Brazilian Publishers no dia 23 de agosto. Na ocasião, a EPA apresentou o mercado árabe e suas oportunidades a diretores e editores. A programação da comitiva incluiu ainda um encontro com editores de livros infantis, assunto de grande interesse para os empresários da editora Kalimat, maior editora infantil do mundo árabe; visitas às livrarias Cultura e da Vila e à Biblioteca Mário de Andrade. Os representantes árabes participaram da palestra de abertura do 6º Congresso Internacional do Livro Digital, dia 25; e se despediram do Brasil com o último compromisso editorial na Bienal do Livro, dia 26 de agosto.

A delegação pretendeu explorar oportunidades para aumentar a importação e exportação de direitos autorais e, também, desenvolver programas para expandir o comércio com editoras latino-americanas.

“Nós conhecemos os representantes da EPA na Feira do Livro de Frankfurt em 2015 em um breve encontro. Neste segundo momento, em que tivemos uma semana de agenda, avançamos em nossas conversas, pois ficou muito claro o interesse mútuo pela troca de conteúdos. Queremos ir muito além e a oportunidade foi lançada para o mercado editorial”, afirmou Luis Antonio Torelli.

Com grande população de imigrantes árabes, cerca de 12 milhões, o Brasil foi considerado pela comitiva como um dos principais mercados-alvo dos Emirados Árabes, logo atrás da Argentina com 3,5 milhões de imigrantes árabes, e o México com 1 milhão. Nesse sentido, a estratégia também envolve participação mais significativa das editoras dos Emirados em importantes feiras de livros latino-americanas, como a Bienal Internacional do Livro de São Paulo, as Feiras do Livro de Buenos Aires e de Guadalajara.

Em seu primeiro artigo na coluna publicada no PublishNews no início de agosto, a Sheikha comparou o desenvolvimento das economias árabes e brasileira, citando o aumento do investimento do governo em educação, saúde e infraestrutura, o que “premia o capital humano de alto nível. As editoras, que são intermediárias vitais do conhecimento na América Latina e no mundo Árabe, têm um papel central  a jogar nessas transformações econômicas”.

De acordo com o Index Translationum da Unesco, só 373 livros espanhóis e 36 livros portugueses foram traduzidos para o árabe. “Estas estatísticas revelam uma oportunidade perdida para aumentar o comércio em títulos traduzidos entre as regiões árabes e latino-americana”, escreveu a Sheikha.

Além disso, ela sinaliza uma demanda por maior diversidade de gêneros por parte dos leitores árabes, cujos gostos estão mudando. De acordo com estatística da Organização das Nações Unidas (ONU), a juventude entre 15 e 24 anos representa cerca de 20% da população, e que esse segmento é digitalmente conectado, “com alto nível de alfabetização e quer acesso a conteúdo mais diversificado”.