23/09/11 15h44

Dedini avança no etanol a partir do bagaço de cana

Brasil Econômico

A Dedini, fabricante de equipamentos e unidades industriais para oaçúcar e álcool, planeja reativar seu projeto de desenvolvimento de tecnologias para produção de etanol celulósico, também chamado etanol de segunda geração. Entre 2003 e 2007, a empresa manteve uma projeto piloto em Pirassununga (SP).

O projeto previa o uso de uma rota química para fazer a hidrólise, isto é, quebrar a celulose do bagaço e da palha da cana, processo que gera açúcares que são posteriormente fermentados.

Na época a Dedini não conseguiu tornar a tecnologia economicamente viável para produção em escala industrial.

Para retomar seu projeto de etanol celulósico a Dedini está participando da seleção do Plano Conjunto de Apoio à Inovação Tecnológica Industrial dos Setores Sucroenergético e Sucroquímico (Paiss), programa anunciado em março e resultado da parceria entre a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A Dedini foi classificada para a segunda fase da seleção sob o nome da Codistil Nordeste, sua subsidiária. No momento, a empresa prepara um plano de negócio que informará quais serão seus parceiros na iniciativa e as tecnologias empregadas, além das atividades que serão realizadas e o montante de recursos demandados. O País disponibilizará ao todo R$ 1 bilhão aos projetos selecionados.

Dificuldades

De acordo com José Luiz Olivério, vice-presidente de tecnologia e desenvolvimento da Dedini, é difícil projetar quanto tempo será necessário para que a tecnologia esteja suficientemente desenvolvida a ponto ser comercialmente viável.

"Todo mundo já se mostrou muito otimista no passado em relação à questão. Há alguns anos previa-se que em 2011 já haveria produção comercial de etanol celulósico. Porém, houve um adiamento geral, pois as dificuldade enfrentadas superaram as expectativas", afirma.

Segundo o executivo, as projeções atuais indicam mais quatro ou cinco anos de desenvolvimento para que esse tipo de produto de torne viável do ponto de vista comercial.

"A dificuldade não é fazer o etanol celulósico. Isso nós já fizemos na década de 80. O problema é ele ser competitivo", diz. "Antes de se ter uma unidade industrial comercial é preciso ter dados confiáveis de desempenho e custo", explica.

No momento, a Dedini conversa com possíveis parceiros para o projeto, incluindo usinas interessadas em integrar uma unidade-piloto de etanol celulósico em sua fábrica. Isso significa que a nova fase do projeto não implica necessariamente na reativação da planta-piloto que a Dedini operou entre 2003 e 2007.

A empresa busca parceiros também entre empresas com tecnologia na área e centros de pesquisa e tecnologia. Se tudo correr conforme o previsto o projeto de etanol celulósico da Dedini deve ser reativo no próximo ano.

De acordo com Olivério, o potencial do etanol celulósico é enorme. "É possível dobrar a produção de etanol por hectare de lavoura. Isso implica ter uma usina voltada somente para etanol, otimizada para ter o máximo de bagaço excedente e que a palha da cana também seja utilizada na produção do etanol de segunda geração", diz o executivo.

Ele diz que se essas requisitos forem atendidos, é possível obter entre 12 mil a 12,5 mil litros de etanol por hectare, quase o dobro dos 6 mil a 7 mil litros obtidos atualmente.

Investimentos

A empresa não informa quantos projetos de inovação está conduzindo atualmente, apenas que 10 deles têm grande potencial de se tornarem produtos.

Sem detalhar tais projetos, Olivério diz que eles se enquadram nos quatro direcionares tecnológicos adotados pela Dedini: maximização energética, aproveitamento integral da cana, obtenção de bioprodutos e sustentabilidade.

A Dedini investe anualmente entre 1% e 2% de seu faturamento bruto no desenvolvimento de inovações. Isso significa que o montante foi reduzido nos últimos anos juntamente com o faturamento da empresa.

É que a crise econômica de 2008 teve forte impacto negativo nos negócios da Dedini, que viu sua receita recuar de R$ 1,8 bilhão naquele ano para R$ 1,14 bilhão em 2009 e R$ 805 milhões em 2010. A projeção para este ano é de início de recuperação e uma receita na casa dos R$ 900 milhões.

A companhia já realizou 50 pedidos de patentes até hoje, tanto no Brasil quanto no exterior. Desse total, 10 já foram concedidas. "O processo de aprovação de um pedido de patente é muito demorado. São anos", afirma Olivério. "Apresentamos diversas inovações ao mercado recentemente. Com a Usina Sustentável Dedini, por exemplo, solicitamos 10 patentes. Mas muitas das nossas inovações ainda estão em processo de análise."