09/10/09 10h23

De olho no Bric, japonesa Astellas chega ao Brasil

Valor Econômico

A farmacêutica Astellas, segunda maior companhia do setor do Japão, está aproveitando a onda de crescimento do mercado brasileiro de saúde para montar uma estrutura própria de vendas de seus medicamentos no país. A intenção do laboratório é começar importando sua linha de tratamento de doenças urológicas. "O Brasil era o último país do Bric (grupo de países formado também por China, Rússia e Índia) que faltava para a empresa se instalar", disse o presidente da Astellas no Brasil, Devaney Baccarin, ex-presidente da americana Genzyme no país. "O Brasil tem demonstrado uma performance expressiva", disse.

A farmacêutica chegou à Rússia em 1992 e à China, em 1994, pelas empresas que no futuro se fundiram criando a Astellas. Na Índia, o grupo chegou em 2008. Entre os 20 maiores mercados farmacêuticos do mundo, o Brasil é o que mais cresceu no ano passado, com 12% de expansão, atrás apenas da China (27%). É o nono maior mercado, movimentando US$ 20 bilhões por ano.

O primeiro objetivo da Astellas no país é resgatar o registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) do remédio Omnic, contra o aumento do volume de próstata. A droga, que é comercializada pela brasileira Eurofarma há cerca de dez anos, responde por R$ 17 milhões (US$ 9,4 milhões) em vendas anuais no Brasil, ocupando quase 5% das vendas na categoria.

Em seguida, a empresa deve introduzir uma nova versão deste medicamento, ainda não vendido no país, chamada de Omnic OCAS, capaz de prolongar seu efeito no organismo dos pacientes. A Astellas também deverá submeter à Anvisa o VESIcare, uma droga contra a urgência urinária, que receberá um novo nome no país. Nos próximos anos, o objetivo é entrar em outras classes terapêuticas.

A farmacêutica japonesa tem outros medicamentos licenciados no Brasil. Um deles com a suíça Roche, chamado de Protopic, no segmento dermatológico. O outro é comercializado pela americana Janssen-Cilag. Chama-se Progaf, utilizado contra a rejeição em transplantes de órgãos. "Conforme os contratos forem vencendo, vamos avaliar o retorno para nós", explicou Baccarin.

A Astellas empregará 60 pessoas, dos quais cerca de 40 na área de propaganda médica. A diretoria está praticamente definida com o diretor médico José Machado Moura (ex-Wyeth), o financeiro Pedro Meirelles (ex-Lundbeck) e o responsável pela área comercial Alexandre Gibim (ex-Eli Lilly). O staff deve ser completado com outros dois diretores.