16/01/12 13h58

Dados do fim de 2011 apontam leve alta do PIB no 4º tri

Valor Econômico

A retomada da economia nos meses de novembro e dezembro, com sinais mais positivos tanto da indústria quanto do comércio, não deve ter sido suficiente para reforçar o crescimento do país no quarto trimestre de 2011, segundo economistas consultados pelo Valor. Ainda que outro trimestre de estagnação seja visto como improvável, as projeções variam entre avanço de 0,1% e 0,56% no período, na comparação com os três meses imediatamente anteriores, sempre na série com ajuste sazonal.

O Itaú Unibanco, em relatório, reduziu a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) entre outubro e dezembro do ano passado de 0,4% para 0,2% em relação ao trimestre anterior, sinalizando que "um fim de ano forte não irá salvar um fraco quarto trimestre".

Bráulio Borges, economista-chefe da LCA Consultores, vê aceleração ainda mais modesta entre o terceiro e o quarto trimestres, com alta de 0,1% do PIB no período. O avanço de 1,3% do comércio varejista levou a consultoria a revisar para cima a alta esperada para as vendas no varejo em 2011, de 6,5% para 6,7%. Ainda assim, a revisão não teve efeito sobre a projeção de Borges para o PIB porque as vendas que contemplam automóveis e material de construção - mais importantes no cálculo da atividade - aumentaram 1,5%, abaixo da estimativa da consultoria.

"Apesar de na segunda casa decimal, a minha projeção para o IBC-Br foi até revista negativamente. Tenho alta de 1% do indicador em novembro ante outubro", diz ele em referência ao índice do Banco Central que mede a atividade econômica e é usado por economistas para calcular o PIB. Em dezembro, o indicador deve registrar alta mais fraca, de 0,5%, "em função de resultados da venda de automóveis, que perderam fôlego", afirmou Borges. De acordo com dados da Fenabrave dessazonalizados pela LCA, os emplacamentos desaceleraram de crescimento de 5% em novembro para alta de 0,5% em dezembro.

Para a indústria, que após três meses consecutivos de retração avançou 0,3% em novembro, sempre na comparação com o mês anterior e com ajuste sazonal, a expectativa é de um reforço em dezembro. Para Alessandra Ribeiro, economista da Tendências Consultoria, alguns dados antecedentes, tais como a produção de veículos, o consumo de energia elétrica e a confiança da indústria sugerem resultado mais forte no último mês de 2011. A Tendências projetava avanço de 0,6% no setor, mas com base nesses números avalia que a alta pode ser maior, de até 1%. "Parece que outubro foi o fundo do poço. As isenções fiscais vão perdurar até março, o afrouxamento monetário está em curso e temos surpresa positiva com o mercado de trabalho", avaliou Alessandra.

Também para Sérgio Vale, economista da MB Associados, é possível que a indústria dê um alento. Ele avalia que em dezembro a produção pode ter crescido acima de 1%, na comparação com novembro, "com a possibilidade de elevar o crescimento do PIB no quarto trimestre para próximo de 0,5%". Ainda assim, "nada disso muda o cenário de que o país cresceu abaixo de 3% em 2011" e Vale ainda mantém projeção de avanço do PIB de 0,2% no último trimestre do ano.

A expansão do Brasil em 2011, de acordo com o economista-chefe da Prosper Corretora, Eduardo Velho, "com certeza será inferior a 3%". O economista projeta avanço de 2,92% no ano, mas avalia que o número pode ser um pouco menor, a depender do desempenho do setor agropecuário. Velho revisou marginalmente sua estimativa para o crescimento no quarto trimestre, de 0,5% para 0,56%, em função dos números melhores para o comércio registrados em novembro, apesar de esperar moderação em dezembro.

Para 2012, Velho é um pouco mais otimista do que a média e trabalha com crescimento de 3,67%, enquanto as projeções dos economistas consultados pelo Valor variam entre 3,1% e 3,5%. "Achamos que haverá impacto razoável da política monetária", afirmou.

Fernanda Consorte, economista do Santander, também trabalha com o que considera "forte ritmo de atividade econômica" no próximo ano. "O primeiro trimestre deve ser um pouco mais forte que os últimos três meses de 2011, com alta entre 0,7% e 0,8%. A partir do segundo trimestre, com os estímulos mais evidentes na economia, o avanço deve ficar sempre em torno de 1%, na margem. No ano, o PIB deve avançar 3,5%", afirmou.

O Itaú Unibanco também calcula que a combinação entre gastos mais elevados do governo, reajuste real de 7,5% do salário mínimo e redução da Selic para 9% ao ano devem levar a um crescimento mais pronunciado neste ano, de 3,5%, com ritmo mais forte no segundo semestre.