08/12/09 11h15

CVC negocia venda de parte da operadora com o fundo Carlyle

Valor Econômico

A maior operadora de turismo do país, a CVC, está perto de concluir a venda de parte de suas ações. Há duas alternativas sendo consideradas pelo fundador e presidente da empresa, Guilherme Paulus, segundo pessoas próximas às negociações. A primeira e mais provável é a venda de 40% de suas ações, por cerca de US$ 600 milhões, para o fundo americano de private equity Carlyle. A segunda, uma oferta pública de ações no primeiro trimestre de 2010.

A operadora, em nota ao Valor, informa que "como já afirmado anteriormente por Guilherme Paulus, grupos interessados em fazer negócios no Brasil estão em conversa com a CVC, porém, até o momento, nada de concreto existe a respeito". O comunicado informa ainda que a CVC "não comentará especulações em torno de futuros acordos e parcerias que porventura venham a ser de interesse da empresa".

Caso a opção de Paulus seja o Carlyle, o martelo pode ser batido até janeiro. Um segundo grupo entrou no páreo, mas as negociações não evoluíram. Uma fonte disse que o interesse do bilionário espanhol Enrique Bañuelos, conforme veiculado pela imprensa, não foi formalmente apresentado ao presidente da CVC. O Carlyle confirmou as negociações com a CVC, mas não deu detalhes. Bañuelos, por sua vez, desmentiu interesse pela CVC, por meio de sua assessoria de imprensa.

A CVC está negociando apenas a operadora de turismo, que neste ano deve embarcar 2 milhões de passageiros por meio de ônibus, avião e cruzeiros marítimos. Em 2008, foram 1,7 milhão de turistas. Só nesta alta temporada a CVC vai operar 2.241 voos fretados em 15 destinos turísticos diferentes no país com empresas como TAM, Gol, Webjet (do grupo CVC) e Trip.

As demais empresas do grupo continuariam com Paulus. São elas a CVC Cruzeiros, a GJP Administradora de Hotéis e Resorts, com 10 empreendimentos, e a Webjet. Uma fonte do setor aéreo conta que as negociações da CVC com o Carlyle só não prosperaram no passado porque o fundo não queria assumir a Webjet, preferindo apenas a operadora de turismo. Na Espanha, o Carlyle controla a Orizonia, uma das maiores operadoras e que é sócia da Telefónica na Rumbo, agência on-line de venda de pacotes turísticos.

O Carlyle está no Brasil desde 2007, quando comprou, por US$ 70 milhões, uma fatia na Scopel, empresa do setor imobiliário focada em condomínios residenciais. O fundo tem também um prédio comercial no centro do Rio, onde investiu US$ 55 milhões para fazer uma reforma interna, preservando sua fachada (serviço chamado de "retrofit"). Mas o Carlyle mudou o foco e vai se dedicar à aquisição de empresas. A CVC deverá inaugurar a nova estratégia. Passo importante para isso foi dado pela operadora no início do mês, quando se transformou em S.A e separou todas as unidades de negócios do grupo, abrindo caminho para a entrada de sócios em todas elas.