30/05/23 13h41

Cultivo de sorgo vem ganhando espaço entre produtores da região Noroeste paulista

Cereal cultivado para alimentação animal no Brasil, o sorgo vem ganhando espaço no Noroeste Paulista, principalmente em áreas de risco climático para o plantio do milho

Diário da Região

Alternativa para a produção e disponibilidade de grãos, o sorgo é uma cultura que tem crescido ano a ano no estado de São Paulo. Na região Noroeste, agricultores investem no cereal como opção de renda e em áreas de cultivo na safrinha que apresentam elevado risco climático para a produção de milho. Segundo especialistas, o plantio do sorgo no Brasil é bastante aproveitado para a ração de bovinos, aves e suínos.

Levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta que em 2023 foram cultivados 1,237 milhão de hectares de sorgo no Brasil, crescimento de 70% da área cultivada em relação à safrinha de 2019, um cenário bastante positivo para o produtor de grãos. De acordo com Rogério Freitas, pesquisador do Instituo Agronômico (IAC), os dados demonstram o potencial da expansão para a cultura do sorgo.

“Em cultivos de culturas de safrinha como na região Noroeste Paulista, com as chuvas que normalmente atrasam, muitas vezes fica inviável o plantio do milho, que vem sendo cultivado no estado de São Paulo com maior frequência na safrinha. Assim, os produtores têm uma alternativa com o sorgo, mais resistente aos períodos de seca e em áreas com escassez hídrica”, diz Rogério.

Produtor de grãos em Nhandeara, Reginaldo Massuia conta que deixou de plantar milho pelo alto risco da cultura e do maior custo de produção com o grão, além do surgimento de doença (ataque de cigarrinha) na plantação de milho. Ele resolveu investir, após o plantio da soja, no sorgo. “Na safrinha deste ano plantei 600 hectares de sorgo. Com os preços do milho despencando, e da soja que teve preços mais baixos nesta safra, ainda bem que não plantei o milho, porque o prejuízo poderia ser alto”.

Vantagens

O sorgo, segundo estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), é o quinto cereal mais produzido no mundo (após milho, trigo, arroz e cevada), e possui uso múltiplo, tanto para a alimentação humana quanto para alimento dos animais. O Brasil é o oitavo produtor mundial de sorgo, que tem sido usado para a alimentação animal (ração) e forragem (silagem e pastejo).

Há 15 anos se dedicando aos estudos da cultura do sorgo, Rogério explica que o IAC tem apresentado pesquisa dos últimos quatro anos que comprovam a maior segurança no cultivo do cereal. “Não significa que o plantio de sorgo irá substituir o cultivo do milho, mas é uma alternativa para o produtor, especialmente em áreas de risco hídrico para o cultivo do milho”.

Rogério comenta ainda que existem vantagens para o produtor investir no plantio do sorgo, como no custo mais baixo de produção, boa produtividade e do manejo que não apresenta grandes dificuldades com doenças.

Importante saber técnica de manejo

Apesar de não apresentar um manejo complexo para lidar com o sorgo, o produtor Carlos Missiagia, de José Bonifácio, comenta que é preciso conhecimento sobre o cereal que está ganhando bastante espaço na região Noroeste Paulista. Carlos também deixou de plantar milho pelo risco climático que o grão apresenta e passou a cultivar o sorgo.

“É importante fazer um tratamento nas sementes para evitar a broca no solo. E nos últimos anos o pulgão tem atacado bastante a plantação do sorgo. Então tenho intensificado as pulverizações para o controle do pulgão e da lagarta”, afirma Carlos.

Uma das técnicas que está dando resultado na plantação de sorgo de Carlos é fazer um tratamento para o grão proteger o solo. “Faço um tratamento de dessecar, cerca de dez dias antes da colheita do grão. Quando vem uma chuva, no verão, já está com um solo bom para fazer o plantio da soja”.

O produtor Mário Imada também colhe a soja e em seguida faz o plantio do sorgo. Neste ano, Mário ressalta que o clima foi bom para a cultura do sorgo. “É uma planta mais resistente ao calor em comparação ao milho”. Ele também diz que após o cultivo da soja, entra com o plantio do sorgo para que essa área não seja invadida por mato e ervas daninha.

“Na nossa região comercializo o sorgo para a ração de bovinos em confinamento. E também para as granjas, que os produtores usam para o alimento das aves. Em outras regiões em que há aviário de poedeiras, os avicultores têm usado o sorgo para aumentar a produtividade na produção de ovos. É um cereal muito eficiente para a ração dos animais”, afirma Mário. (CC)

Preço atrelado ao do milho

Nos próximos dias o produtor Mário Imada deve colher o sorgo da propriedade localizada em Bady Bassitt. Ele cultiva o cereal há sete anos e conta que os preços pagos pelo sorgo estão atrelados aos do milho. “Como os preços do milho caíram muito, os do sorgo também não estão bons neste ano”, diz Mário.

O produtor projeta que nesta safra o preço pago pelo sorgo deve ser 20% menor do que o do milho. “O bom é que o sorgo tem um custo de produção mais baixo em relação ao milho, além de ser menos exigente em relação à chuva”. Mário também cultiva milho e soja, e neste ano sente as áreas de plantio do milho, investindo em 70 hectares de sorgo.

Para Reginaldo Massuia, os preços dos grãos estão caindo muito e preocupando os produtores. “ No ano passado, nesta época, o sorgo estava sendo comercializado a R$ 70 (saca de 60 quilos). Mas neste ano, a saca do sorgo está R$ 40”, diz Reginaldo ao lembrar que o custo de produção do milho é 50% maior em relação ao sorgo. (CC)

 

Fonte: https://www.diariodaregiao.com.br/economia/agronegocio/cultivo-de-sorgo-vem-ganhando-espaco-entre-produtores-da-regi-o-noroeste-paulista-1.1241056