28/02/23 13h50

Cultivo da soja registra crescimento expressivo na região Noroeste

Grão avança junto aos canaviais na região Noroeste paulista, passando de 1,7 mil hectares plantados no ano 2000 para 20 mil em 2021; rentabilidade e menor incidência de doenças atraem produtores

Diário da Região

Mais de um milhão de hectares de soja plantados no estado de São Paulo – mais de 20 mil hectares cultivados apenas em 24 municípios da região de Rio Preto – mostra a força da cultura do grão mais valorizado do País. Em 21 anos, o aumento é bastante expressivo, passando de 1,7 mil hectares para 20,2 mil hectares.

Para os especialistas, os fatores que levaram ao avanço da soja na região do Noroeste paulista estão os preços lucrativos com a commodity e poucos problemas no controle de pragas e doenças da plantação, atraindo cada vez mais produtores da oleaginosa.

Conforme levantamento realizado pela Cati de Rio Preto e pelo Instituto de Economia Agrícola, a evolução de plantações de soja é crescente a partir do ano de 2000, principalmente nos 24 municípios da regional da Cati. Em 2000, os dados apontam 1.715 hectares de plantações de soja na região de Rio Preto, sendo que os números foram aumentando para 11 mil hectares em 2018, e para 20.225 hectares em 2021.

“Nos últimos anos houve um avanço expressivo da soja na região e em outros estados brasileiros que antes tinham, por exemplo, a tradição do cultivo do milho. Além de mais atrativa no preço em relação ao milho, a soja não apresenta tantos problemas de ordem fitossanitária”, explica Ricardo Pereira, diretor da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), de Rio Preto.

Em áreas de milho, Ricardo afirma que o produtor precisa investir em muitas aplicações de defensivos agrícolas, o que encarece ainda mais o custo de produção de qualquer plantação. Isso ocorre em meio ao grande número de ataques de cigarrinha, inseto que causa grandes prejuízos nas plantações de milho. “O produtor então optou pela soja, que é mais rentável, além de não apresentar maior incidência de doença”, afirma Ricardo.

O diretor ressalta que a produtividade da soja também aumentou na região, o que é considerado ainda um fator atrativo para o produtor investir na cultura. No levantamento, se observa que a média de sacas de soja (de 60 quilos) colhidas aumentou, de 35 sacas em 2000, para 58 sacas colhidas por hectare no último levantamento, em 2021.

Rotação com canavial

Os volumes de produção ainda são mais expressivos nas áreas de rotação de cultura, entre a soja e a cana-de-açúcar. “Hoje o plantio de soja na reforma dos canaviais é uma realidade e isso tem colocado o estado de São Paulo no mapa de cultivo da soja do Brasil. São mais de um milhão de hectares de soja plantados no estado paulista e isso é muito significativo”, diz o agrônomo e produtor André Seixas.

André comenta ainda que muitas áreas de canaviais na região eram destinadas à rotação de cultura apenas com amendoim ou ficavam sem nenhum outro cultivo. “Existe uma janela entre a colheita e o replantio da cana que é possível plantar a soja. Hoje a produtividade da soja é boa e remunera muito bem o produtor, além de ser diferente da realidade de outros grandes estados produtores de soja, como o Paraná e o Mato Grosso”, conta André, que vem investindo em plantio de soja, na região de Rio Preto.

Colheita atrasada

Em algumas propriedades do Noroeste paulista, produtores iniciaram a colheita da soja em ritmo mais lento por conta das chuvas que vem sendo contínuas em todo o estado. O produtor Carlos Missiagia, de José Bonifácio, diz que precisou atrasar em pelo menos dez dias a colheita da oleaginosa. “Espero pelo menos três dias de sol para para poder entrar com a máquina na lavoura”, conta Carlos.

Já na propriedade de Reginaldo Massuia, a colheita da soja teve início nos últimos dias e o produtor já colheu aproximadamente 16% da área plantada. “Nos próximos dias vai dar para colher uma área maior. A chuva foi boa para o desenvolvimento da planta. É importante ter um pouco de claridade para colhermos a soja”, pontua.

Nas plantações do produtor André Seixas, a colheita da soja deve ter início após o dia 15 de março. “Esse ano nós tivemos muitas chuvas que atrapalharam um pouco as operações no campo, principalmente as pulverizações. Mas o clima está bom e devemos ter boa produtividade”.

De modo geral, a colheita da soja está impactada pelo clima em todas as áreas das plantações brasileiras do grão. Em análise do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o Brasil colheu apenas 23% das 152,88 milhões de toneladas previstas para a temporada 2022-2023 até o dia 18 de fevereiro, abaixo dos 33% colhidos em igual período do ano passado. (CC)

Sai o milho, entra a oleaginosa

O produtor Reginaldo Massuia sempre trabalhou com a lavoura de milho, um grão de cultivo tradicional na região Noroeste Paulista. Ele conta que os custos altos de produção com o cereal, além de questões climáticas e de ataque de doenças, mudaram os planos para as lavouras de milho, e o produtor fez mais investimentos no cultivo da soja.

“Na safrinha do milho, a gente tinha muito problema com a seca da nossa região, aqui em Nhandeara. E neste ano, para reduzir custos, não vamos plantar milho, dando espaço para plantar um pouco de sorgo e de crotalária”, diz Reginaldo.

Satisfeito com as plantações de soja, Reginaldo investiu na cultura e diz que os preços não estão tão atrativos como no ano passado, mas ainda garantem boa rentabilidade para quem cultiva o grão. “A saca de soja teve uma queda de preço, de mais ou menos 15%, mas mesmo assim vendendo a R$ 159 (a saca de 60 quilos) é bom. E a produtividade, de 59 sacas por hectare, também é boa, mesmo com um veranico que tivemos em novembro do ano passado”.

 

Fonte: https://www.diariodaregiao.com.br/economia/agronegocio/cultivo-da-soja-registra-crescimento-expressivo-na-regi-o-noroeste-1.1052163