Criador do Skype monta base em SP
Folha de S. Paulo 05/09/10
Com US$ 500 milhões destinados a empresas iniciantes de tecnologia, o fundo Atomico, criado por Niklas Zennström e Janus Friis -criadores do serviço de voz on-line Skype-, colocou o Brasil de vez na rota dos investimentos. Sediado em Londres e com operações nos Estados Unidos e na China, o fundo escolheu a capital paulista para abrir seu terceiro escritório e montar uma equipe local de análise de investimentos. Com isso, nos próximos meses, a equipe -composta por três pessoas que se dividem entre São Paulo e a capital inglesa- crescerá para cerca de dez funcionários. "O Brasil é uma das prioridades porque concentra algumas das start-ups (empresas iniciantes) mais inovadoras do mundo, ao contrário de China e Índia, que têm muitas empresas que copiam modelos de outros países", diz Zennström, presidente do Atomico.O sueco Zennström, de 44 anos, criou o fundo em 2006 em parceria com o sócio dinamarquês Friis, 34, após a venda do Skype para o site americano de leilões eBay por US$ 3,1 bilhões. No ano passado, porém, a dupla retornou ao conselho após recomprar uma parte da companhia, que agora é alvo da empresa de infraestrutura Cisco. O fundo Atomico já está na segunda rodada de investimentos, que prevê US$ 165 milhões. A primeira sequência totalizou US$ 335 milhões. Segundo a Folha apurou, Zennström afirmou a investidores brasileiros estar disposto a alocar até US$ 1 bilhão nos próximos anos nos mercados emergentes.
O diretor da operação do fundo de investimentos no país será Geoffrey Prentice, 36, primeiro funcionário do Skype no mundo e atualmente um dos sócios integrantes do Atomico. Desde o início do ano, Prentice vem ao Brasil uma vez por mês para analisar negócios e prospectar empresas na área de tecnologia. As viagens estão com os dias contados. Ele comprou um apartamento na zona sul de São Paulo e muda-se com a família até o fim de setembro. "O Brasil está no meio de uma explosão econômica e tem ingredientes-chave para o crescimento. O país ama tecnologia, há muito talento no setor e a infraestrutura técnica começa a ser construída", diz Prentice. O alvo principal são empresas com atuação em internet e desenvolvimento de software. O modelo de negócios prevê a compra de participações minoritárias que continuam sob a gestão de seus fundadores.
Com o Atomico, Zennström e seus sócios pretendem minimizar a dificuldade de acesso a crédito de pequenos empreendedores. "Para nós não é importante necessariamente ter receita, fundamental é ter potencial de ser uma grande empresa no futuro", afirma o empresário. "Além de boas ideias, buscamos gestores comprometidos com o futuro e que não têm medo de arriscar", resume o executivo do Atomico.