21/05/10 11h38

Criação pode beneficiar indústria

Valor Econômico

A produção de células com partes de genoma sintéticos abre caminho para um novo tipo de produção industrial, na avaliação do chefe do Laboratório Genômico Funcional e Bioinformática do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), Wim Degrave. "A bioinformática permitirá, no futuro, criar genomas capazes de executar processos específicos, como fermentação, produção de polímeros sintéticos, antibióticos e bioetanol", diz Degrave. Ele observa que muitos setores da economia fazem uso de bactérias e leveduras nos processos produtivos. Como elas são organismos com DNA complexo, porém, a fabricação fica sujeita ao risco de reações inesperadas dos organismos. "Essa célula foi criada com um genoma mais simples. No futuro, ela poderá ser desenhada com um DNA capaz de manter sua sobrevida no laboratório e de realizar uma determinada função industrial", avalia Degrave.

Eduardo Romano, pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e PhD em biologia molecular, diz que o maior êxito da pesquisa está na sintetização, em um organismo, de mais de 1 milhão de partes do DNA. Até então, cientistas só haviam criado alguns milhares de trechos sintéticos. Segundo Romano, a descoberta levará mais de uma década para gerar produtos. Mas, antes disso, a indústria será beneficiada com mudanças genéticas biológicas. "No caso do biocombustível, institutos já conseguiram ganhos de produtividade significativos com a modificação de apenas um trecho do DNA de bactérias", diz.