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Cresce venda de livro infantil ao mercado externo

Valor Econômico - 23/07/2008

Nem só de Paulo Coelho vive a literatura brasileira no exterior. O mercado editorial nacional faturou R$ 14,4 milhões (US$ 6,61 milhões) com a venda de direitos autorais a outras nações em 2006, uma alta de 4,2% em relação ao ano anterior. O valor ainda é pouco representativo se comparado aos R$ 194 milhões  (US$ 89,1 milhões) desembolsados pelas casas editoriais para compra de obras estrangeiras. Mas há sinais de que a exportação de direitos autorais de obras brasileiras continua crescendo e que o livro infantil, em especial, atrai interesse dos estrangeiros. Editoras como Melhoramentos, Companhia das Letras, Callis e Cosac registram maior procura pela literatura infantil brasileira por parte de compradores estrangeiros. A Câmara Brasileira do Livro (CBL) também percebeu a movimentação e assina hoje um convênio com a Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) para que as editoras do país vendam mais livros lá fora. O projeto já tem a adesão de 30 editoras. A Melhoramentos exporta 47 títulos, entre eles o "Meu Pé de Laranja Lima", que na Coréia está em sua 22ª edição e enfrenta inclusive problemas de pirataria. Hoje, a venda de direitos autorais equivale a 2% do faturamento da Melhoramentos, que somou R$ 34 milhões (US$ 17,6 milhões) no ano passado. Mas, até o final da década de 90, antes da desvalorização do dólar, essa fatia chegou a 11% da receita. Uma das casas editoriais com maior número de títulos tanto no país como lá fora, a Companhia das Letras vendeu aproximadamente 113 títulos para o exterior desde 1990. A Companhia das Letrinhas, por sua vez, já exportou 398 títulos nesse período. Conhecida pelos livros de arte, a Cosac Naify tem cerca de 20 títulos, entre infantis e de arte, no exterior comercializados por meio da venda do direito autoral e da exportação do livro já pronto. Mas para entrar no mercado editorial internacional não basta ter uma história de carochinha bem ilustrada. Cada país tem características próprias e nem sempre é um conto de fadas. A presidente da Câmara Brasileira do Livro, Rosely Boschini, confirma que em feiras do livro de Frankfurt e Bologna existe interesse crescente pela literatura brasileira, mas alerta que a maior parte das empresas nacionais ainda não está preparada para atender o mercado externo. "Ainda há editoras que vão para feiras internacionais com material em português. Uma das nossas ações é incentivar as editoras terem um 'foreign rights agent', ou seja, um especialista em direitos autorais, comum nas editoras estrangeiras, mas praticamente uma novidade no Brasil", afirma Rosely.