15/10/10 06h44

Cresce o uso de navios especiais para transportar cargas gigantes

Valor Econômico

Com obras de infraestrutura e industriais de grande porte, o Brasil entrou na rota mundial do transporte marítimo das cargas superdimensionadas, aquelas que não cabem em contêineres. Por exemplo, equipamentos para exploração de óleo e gás, pás eólicas, e até parques fabris inteiros. Nos últimos dois anos, os maiores armadores do mundo donos de embarcações especializadas nesse tipo de movimentação ampliaram suas escalas nos portos brasileiros, inauguraram escritórios próprios por aqui e viram o tráfego com o Brasil abocanhar significativo espaço nos seus negócios. Esse movimento vislumbra principalmente as obras previstas na exploração do petróleo da camada do pré-sal, as do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), criado pelo governo federal, as da Copa do Mundo de 2014 e as da Olimpíada de 2016.

A empresa BBC Chartering é líder de mercado e tem uma frota mundial aproximada de 140 navios com capacidade nominal para içar até 500 toneladas. Até o fim de 2012 serão incorporadas mais 62 embarcações, algumas delas com potencial para levantar até 900 toneladas - o suficiente para içar linhas de produção inteiras de uma indústria, por exemplo. No Brasil, a BBC encabeça o topo da lista em número de escalas. De acordo com a consultoria marítima Datamar, entre janeiro e setembro foram 202, ante 172 no mesmo intervalo de 2009 e 130 no exercício anterior.

A dinamarquesa Thorco Shipping foi criada há sete anos e desembarcou no Brasil com escritório próprio em dezembro passado. Até então, operava por meio de agentes. A empresa, cuja frota mundial é de 40 embarcações, posiciona quatro navios por mês escalando portos do Brasil, sendo um da linha regular entre o Extremo Oriente e a Costa Leste da América do Sul. Mesmo se tratando de uma operação nova, o escritório do Brasil já responde por 20% do faturamento mundial da companhia - o resto se divide entre as bases na Dinamarca e em Cingapura. Antes de contar com a unidade no Rio de Janeiro, o número de atracações por ano da Thorco no Brasil chegava a 20. Em menos de 12 meses de atuação da base própria, já foram feitas 50 paradas em portos nacionais, com uma geração de frete que soma US$ 8 milhões.

Outro grupo gigante que recentemente montou base no Brasil é a Beluga Shipping. Em julho de 2009 instalou escritório em São Paulo, o principal da América do Sul, onde depois inaugurou unidades na Colômbia e Chile. Antes de ter escritório no Brasil, o número de escalas da Beluga não ultrapassava 30 ao ano. De janeiro a junho (últimos registros de números fechados), já foram 30 atracações, o que aponta para um crescimento de pelo menos 100% em 2010.