30/09/09 10h35

Crédito mantém sinais de recuperação

O Estado de S. Paulo

O crédito continua a apresentar sinais de recuperação após o tombo da crise. Em agosto, aumentaram os volumes de empréstimo e houve nova redução dos juros. A inadimplência, porém, resiste a cair. Dados divulgados ontem pelo Banco Central mostram que a média diária de novos financiamentos somou R$ 7,11 bilhões (US$ 3,95 bilhões) no mês passado, valor 7,3% maior que em julho. O patamar já é 1,2% superior ao de agosto de 2008, antes do agravamento da crise. Apesar da melhora, a inadimplência segue estável em 5,9%.

A reação do mercado de crédito é observada, principalmente, pela volta da liquidez nos bancos, o que permite o aumento do volume de operações. No mês passado, a média diária de novos financiamentos às empresas foi 7,7% maior que a registrada em julho. Diariamente, pessoas jurídicas tomaram R$ 4,44 bilhões (US$ 2,47 bilhões) emprestados nos bancos no mês passado. Na pessoa física, a taxa de expansão foi menor, de 6,7%, e famílias emprestaram R$ 2,67 bilhões (US$ 1,48 bilhão) a cada dia.

A recuperação, no entanto, ainda não conseguiu reverter a situação de algumas empresas, principalmente de menor porte, que, um ano depois do período de maior agravamento da crise, ainda não conseguiram reorganizar as contas. A persistência de restrições na oferta de empréstimos impede que o fluxo de caixa volte ao normal e, por isso, a inadimplência cresce. No segmento empresarial, o nível de calote até subiu pelo nono mês seguido e passou de 3,8% em julho para 3,9% no mês passado, no pior nível desde maio de 2001.

Para o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, a diferença entre o crescimento mais elevado das operações com pessoas jurídicas mostra que, finalmente, o crédito corporativo se recupera. "O crédito para pessoas físicas já se recuperou porque tem crescido consistentemente desde junho. Já o crédito para pessoas jurídicas só agora começa a dar sinais de retomada", afirma em relatório.