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Crédito atinge recorde de 34,7% do PIB, mas BC teme efeito da crise

O Estado de S. Paulo - 30/01/2008

Com juros menores e a renda e o emprego em alta, a oferta de crédito no ano passado chegou a 34,7% do Produto Interno Bruto (PIB), a maior proporção desde maio de 1995, segundo dados do Banco Central divulgados ontem. Mesmo levando em conta que a crise financeira internacional, o aumento dos custos dos financiamentos e um menor espaço para a redução das taxas de juros podem influenciar o comportamento dos bancos, o BC previu que o volume de operações de crédito em 2008 deve crescer entre 20% e 25% em cima da expansão do ano passado, que foi de 27,3%. O volume total das operações foi de R$ 932,311 bilhões (US$ 529,7 bilhões). Entre as várias linhas operadas pelos bancos, a que apresentou a expansão mais vigorosa foi o crédito a pessoas físicas, que cresceu 33% e atingiu R$ 313,62 bilhões (US$ 178,2 bilhões). Os empréstimos às empresas cresceram 29,8%, para R$ 213,577 bilhões (US$ 121,4 bilhões), e os financiamentos habitacionais, 25,7%, para R$ 44,846 bilhões (US$ 25,5 bilhões). O BC admite que o aumento das alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), adotado pelo governo no início do ano, para compensar, em parte, a perda de arrecadação com a extinção da CPMF, também pode segurar um pouco o ritmo de expansão da oferta de crédito neste ano. O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, avaliza esse cenário de maior cautela dos bancos na concessão dos empréstimos e confirma um prognóstico pouco otimista para a redução das taxas de juros que os bancos cobram nos empréstimos às pessoas físicas e jurídicas. Ele considera também que há "pouca margem" para a redução do spread bancário, que é a diferença entre o custo que o banco paga para captar dinheiro no mercado e o quanto ele cobra para emprestá-lo a seus clientes. Para Altamir, os custos dos empréstimos não devem cair até que a situação internacional se resolva.