03/10/23 15h49

CPQD inaugura núcleo de pesquisas em conectividade e enegias renováveis

Centro investiu R$ 12 milhões na nova estrutura; objetivo é que as tecnologias desenvolvidas se tornem referência internacional nas duas áreas

Correio Popular

O CPQD quer se tornar referência internacional em pesquisas e desenvolvimento de novas tecnologias em conectividade e energias renováveis com a inauguração na segunda-feira (2), em Campinas, do Núcleo de Evolução Tecnológica. O espaço recebeu o investimento de R$ 12 milhões, feito com recursos próprios, e reúne vários laboratórios para o desenvolvimento de projetos específicos e integrados, além de realização de ensaios e certificação de novos produtos nessas áreas, sendo o único instalado no Hemisfério Sul. A solenidade teve a participação do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, políticos, empresários e empresários.

O núcleo é para atender o aumento na demanda por projetos nos campos das soluções de energia e comunicações ópticas e sem fio, o que inclui a Inteligência Artificial, Internet das Coisas, segurança militar, Open RAN e tecnologias para as futuras redes de telecomunicações e industriais em 5G e 6G. De acordo com o diretor de Tecnologia e Novos Produtos do CPQD, Frederico Sigrist Nava, a procura por pesquisas teve aumento de 30% este ano, com o novo espaço já estando preparado para expansão rápida de acordo com a necessidade. 

O slogan do novo Núcleo de Evolução Tecnológica é "O presente já é o futuro", uma alusão ao fato de o CPQD trabalhar com o desenvolvimento de tecnologias e produtos que estarão disponíveis no dia a dia para o grande público a curto, médio e longo prazos. O centro foi criado e instalado em Campinas há 47 anos, inicialmente ligado à antiga empresa estatal Telecomunicações Brasileiras (Telebras). Em 1998, foi transformado em uma fundação privada com capital 100% nacional, sendo líder na América Latina em inovação com foco em tecnologias da informação e comunicação.

Agora, quer conquistar esse reconhecimento também em conectividade e energias limpas, campo este em que já atua há 20 anos. De acordo com Frederico Navas, essas duas áreas podem parecer discrepantes, mas estão integradas. Ele citou com exemplo um projeto-piloto desenvolvido para levar internet e rede Wi-Fi para uma escola em aldeia indígena no Amazonas, onde é preciso dez dias para se chegar de barco.

FONTE DE RECEITA

Para isso, desenvolveu softwares (programas de computador) e hardwares (equipamentos), que recebem sinal de internet via satélite e são alimentados por energia fotovoltaica, que é a eletricidade gerada a partir da captação da luz do Sol. A bateria na qual a energia é armazenada tem a bordo um módulo de controle que alerta com dois meses de antecedência para o risco de defeito, o que permite a troca antes de sofrer pane e derrubar toda a rede. Essa tecnologia está em fase de transferência para a indústria nacional para a produção em escala.

Segundo o diretor de Tecnologia e Novos Produtos, os acordos com a iniciativa privada representam hoje 70% das receitas do CPQD, incluindo o recebimento de royalties ou a participação acionária em startups, como são chamadas as empresas emergentes criadas para desenvolver ou aprimorar um novo modelo de negócio, muitas vezes disruptivo. Ou seja, trata-se de inovação tecnológica, produto ou serviço com características que provocam uma ruptura com os padrões estabelecidos no mercado. Os outros 30% são oriundos de repasses de órgãos e fundos de pesquisa do governo federal.

"Nós tanto desenvolvemos pesquisas que auxiliam na definição de políticas públicas quanto para a criação de novos produtos e soluções para as empresas", explicou Frederico Nava. O projeto de internet para localidades remotas vai na direção da Estratégia Nacional de Escolas Conectadas lançada há uma semana pelos ministérios da Educação e das Comunicações, que visa levar o acesso à internet para as 138,3 mil escolas de educação básica do Brasil até 2026. O programa é baseado em quatro eixos: implantar infraestrutura de rede de acesso à internet em alta velocidade, disponibilizar acesso com velocidade adequada, instalação de redes Wi-Fi nas escolas e fornecimento de energia elétrica.

"O CPQD tem o nosso apoio e vamos continuar garantindo recursos para essa instituição que desenvolve esse papel importante para o nosso país", disse o ministro Juscelino Filho. Ele lembrou que o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) prevê investimento de R$ 28 bilhões em conectividade no país, incluindo garantir a cobertura do sinal de telefonia móvel, implementação da internet 4G em 7,4 mil localidades e 35,7 mil quilômetros de rodovias federais e expansão do 5G. As regiões Norte e Nordeste serão as mais beneficiadas com as infovias para reduzir as disparidades regionais.

Para o prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos), que participou da inauguração do Núcleo de Evolução Tecnológica, "a soberania do Brasil passa por investimentos em conectividade e energias renováveis." Frederico Nava acrescentou que é comum se pensar em dificuldade para levar a internet a pontos remotos do país, mas essa é uma realidade em áreas rurais até mesmo do Estado de São Paulo. Para essas localidades, o CPQD criou um sistema de armazenamento de energia em baterias alimentado por energia fotovoltaica, que pode ser ampliado facilmente com a inclusão de novas unidades. O equipamento está sendo instalado em pontos de cidades do Litoral Sul paulista, como Iguape, Peruíbe e Itanhaém.

OPEN RAN E ELETROPOSTOS

O diretor do centro acrescentou que a expansão futura das telecomunicações passa pelo desenvolvimento de equipamentos mais eficientes e com menor consumo de energia. O novo núcleo também será a base para o projeto do CPQD se tornar o centro de competência nacional para ampliação das pesquisas em Open RAN (Open Radio Access Network), que busca criar sistemas abertos e a interoperacionalidade dos equipamentos das redes de telecomunicações e assim não depender de grandes fornecedores, que hoje adotam modelos fechados.

O governo federa liberou uma verba de R$ 60 milhões para CPQD desenvolver pesquisas nesse sentido ao longo de 3 anos e meio. "Com o Núcleo de Evolução Tecnológica, estamos ampliando nossa capacidade produtiva, gerando inovações alinhadas às necessidades dos nossos clientes. Ao mesmo tempo, contribuímos para a criação de empregos e a capacitação de profissionais para atuar em projetos de alta tecnologia em conectividade, por exemplo, para atender às demandas das redes do futuro, e em soluções de energia voltadas às novas necessidades de um mercado cada vez mais comprometido com a sustentabilidade", afirmou o presidente do CPQD, Sebastião Sahão Junior.

Conhecido como desenvolvedor de soluções para a área de telecomunicações, o centro também atua em pesquisas para ampliação do uso de energias renováveis. Uma delas foi a criação do chamado corredor verde ligando as regiões Sudeste e Sul do país, que é uma rede de eletropostos ao longo das principais rodovias para abastecer veículos elétricos. Somente no Estado de São Paulo serão instalados de 43 a 53 postos até o final deste ano em rodovias como Bandeirantes, Anhanguera e Castelo Branco.

Eles estarão estrategicamente localizados para garantir o abastecimento dos veículos e o uso em longas distâncias, uma barreira existente hoje, uma vez que a autonomia deles fica entre 270 e 450 quilômetros. Os eletropostos também serão conectados a uma rede virtual que controlará a variação da energia para evitar a queima de equipamentos e que poderá ser usada pelos proprietários dos carros para saber qual o eletroposto mais próximo. O aplicativo indicará ainda o local onde há um número menor de usuários e até mesmo permitir o agendamento para agilizar a recarga das baterias. O CPQD também desenvolve modelos nacionais de boxes de abastecimento (que são as caixas que fornecem a energia para os veículos) com diferentes capacidades e tempos de recarga voltadas para uso em residências, condomínios e eletropostos.

De acordo com o diretor de Tecnologia e Novos Produtos do CPQD, os estudos apontam para a expansão significativa da eletrificação automotiva no Brasil a partir de 2027, que tem todas as condições para se tornar referência mundial nessa área. Frederico Nava ressaltou que o país tem uma ampla gama de fontes de energias limpas, que passam pelas hidrelétricas, usinas eólicas e fotovoltaicas, além do uso do etanol. Na Europa, surgiram questionamentos sobre a viabilidade dos carros elétricos como meio de reduzir a emissão de gases de efeito estufa, uma vez que a eletricidade usada é produzida por usinas termoelétricas a carvão, fonte geradora do dióxido de carbono (CO2), um dos principais causadores do aquecimento global.

 

Fonte: https://correio.rac.com.br/entretenimento/cpqd-inaugura-nucleo-de-pesquisas-em-conectividade-e-enegias-renovaveis-1.1427172