02/02/10 10h48

Cosan-Shell impulsiona etanol no mundo

Folha de S. Paulo

A petroleira anglo-holandesa Shell e a Cosan anunciaram a assinatura de memorando de entendimento para a criação de duas subsidiárias no Brasil no prazo de seis meses. As duas joint ventures, ainda sem nome definido, terão receita estimada de R$ 40 bilhões (US$ 21,3 bilhões) por ano, o que as coloca entre os 15 maiores faturamentos no país. O negócio representa um passo histórico para o setor sucroalcooleiro brasileiro e oferece à Shell a possibilidade de diversificação em direção ao setor da economia denominado de baixo carbono.

Com a transação, estimada em US$ 12 bilhões, a Shell marca uma inédito ingresso no mercado de produção de álcool combustível, algo que a estatal brasileira Petrobras e a BP (British Petroleum) fazem de forma tímida. Ao mesmo tempo, o negócio oferecerá à brasileira a posição de terceira maior distribuidora do país, uma das maiores redes de distribuição no exterior, perspectivas de expansão de exportações e projetos de desenvolvimento do etanol celulósico, nova geração dos biocombustíveis.

"Esse era o passo que faltava para tornar o etanol uma commodity global", disse Rubens Ometto, presidente do Conselho de Administração da Cosan. Para ele, a união com a Shell dará condições de a empresa se tornar líder mundial em combustíveis renováveis.

Pelo acordo serão criadas duas companhias, que terão partilhados o controle por Shell e Cosan S.A.. A primeira reunirá as usinas de açúcar e álcool, a segunda, os ativos de distribuição de combustíveis.

A Cosan -que em 2009 adquiriu os ativos e o direito de uso da marca Esso no Brasil- fará a fusão dessa estrutura com a da Shell. Essa nova companhia -que responderá por cerca de 80% do faturamento da joint venture- terá 4.470 postos e distribuirá 17 bilhões de litros de combustível. As participações de cada companhia nas duas subsidiárias não estão definidas e podem não ser equivalentes, mas a administração será dividida.

A Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) considerou o negócio um passo para a derrubada de barreiras tarifárias ao etanol brasileiro. "A parceria gera escala, eficiência e tecnologia, o que contribui para que o etanol brasileiro conquiste mais espaço no mercado mundial", disse Marcos Jank, presidente da Unica.