26/08/10 14h33

Cosan e Shell ampliam escopo para atuação sucroalcooleira global

Valor Econômico – 26/08/10

Com planos de crescer organicamente na área de distribuição de combustíveis no Brasil, a Cosan e anglo-holandesa Shell anunciam que o foco de seus investimentos conjuntos será a expansão de ativos de produção de açúcar, álcool e energia. As ambições levaram as duas empresas a ampliar o escopo de atuação original, anunciado em fevereiro. Os investimentos sucroalcooleiros da nova empresa resultante da associação poderão ser feitos em qualquer outro lugar do mundo, não somente no Brasil, como previsto inicialmente. "Se fizer sentido investir neste segmento em outro país, estaremos preparados para isso, apesar de eu, particularmente, acreditar que no Brasil ainda há muito espaço para avançar", diz Marcos Lutz, presidente da Cosan.

Ontem, o executivo anunciou a assinatura do acordo vinculante entre as duas empresas que torna o negócio, na prática, irreversível. "Seremos o terceiro player de distribuição e estamos perto do segundo. Continuaremos expandindo, mas para acompanhar o próprio crescimento orgânico deste mercado", diz Lutz. A estratégia de crescer com aquisições, marca registrada do presidente do conselho de administração da Cosan, Rubens Ometto, deve permanecer na nova empresa. Como já foi anunciado, Ometto também assumirá a presidência do conselho de administração da joint venture, ao qual caberá nomear o presidente da companhia, já definido pelo nome de Vasco Dias, atual diretor presidente da Shell Brasil.

O fechamento ("closing") da operação está marcada para ocorrer no primeiro semestre de 2011. De agora até lá, as empresas vão integrar suas operações e sistemas de forma que, ao final desse período, procedimentos básicos, como emissão de nota fiscal ou aquisição de matéria-prima, possam ser realizados sob uma única plataforma, explica Lutz. Do acordo inicial, apenas ajustes foram feitos, afirma o executivo. Entre eles, o repasse de uma dívida de R$ 500 milhões (US$ 285,7 milhões) com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social contraída após o primeiro memorando de entendimento, em fevereiro, para investimentos nas usinas, sobretudo no projeto de aumento da capacidade de cogeração de energia.

Também entrou na combinação de ativos, o bagaço de cana excedente das oito usinas que não têm ainda cogeração de energia. O acréscimo foi feito para não impor nenhum obstáculo a futuros investimentos da nova empresa, ainda sem nome, em produção de energia elétrica. "Até o 'closing', em 2011, é possível que outros ajustes dessa natureza sejam feitos." A Cosan reiterou que as marcas de varejo "Da Barra" e "União" não fazem parte do acordo. Algumas definições ainda devem ser feitas. "Ou a joint venture usa as marcas e paga valor de mercado por isso, ou a Cosan Alimentos, que ficará com as marcas pagará pela matéria-prima (açúcar) comprada da nova empresa." A política adotada para as marcas de distribuição de combustíveis - Esso/Cosan/Shell - não foi revelada pelo executivo. "A licença de uso da marca Esso vence em três anos. O contrato com a marca Shell será de dez anos", diz Lutz, sem cravar definições sobre o assunto.

Como anunciado em fevereiro, a joint venture reunirá ativos de US$ 12 bilhões, entre eles, todas as usinas sucroalcooleiras e de cogeração da Cosan, US$ 25 milhões em terras e dívida líquida de US$ 2,5 milhões, além da estrutura de distribuição e varejo de combustível das duas empresas no Brasil. Serão criadas três empresas: uma de açúcar e etanol, da qual a Cosan terá 51% das ações com direito a voto e a Shell, 49%. Outra de distribuição de combustíveis, com 51% da Shell e 49% da Cosan, e a empresa de administração, com 50% de ações com direito a voto para cada uma.