01/06/09 11h20

Contra a corrente, BNDES vê investimento de 19% do PIB

Valor Econômico - 01/06/2009

O Brasil vai repetir, em 2009, a robusta (na comparação com o passado recente) taxa de investimento de 19% do Produto Interno Bruto (PIB) alcançada no ano passado. A projeção é do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e distoa de todas as estimativas feitas por consultorias privadas, departamentos econômicos dos bancos e mesmo pela academia. Para chegar a esta otimista e polêmica conclusão, a Área de Pesquisa Econômica (APE) do banco consultou a própria instituição (e a lista de desembolsos previstos e novos projetos apresentados), os planos estratégicos de grandes empresas (como Petrobras, Vale, CSN, entre outras) e projeções setoriais (como a da construção civil).

Pelas contas do BNDES, a crise vai atrasar em dois anos a conquista de uma taxa de investimento equivalente a 21% do PIB - nível alcançado pela última vez na década de 70. A projeção anterior à quebra do Lehman Brothers em setembro, os gastos em máquinas e equipamentos e também na construção civil e de infraestrutura alcançariam 20,9% do PIB em 2010. Agora, essa projeção foi parar em 2012.

Mesmo com este atraso de dois anos para alcançar a taxa de 21%, o BNDES acredita que 2009 cai repetir 2008. "A taxa de investimento, hoje no Brasil, é mais resiliente do que no passado", resume Gilberto Rodrigues Borça Junior, um dos autores do estudo do BNDES. Fernando Pimentel Puga, chefe da área de pesquisa econômica e o outro autor do estudo, acrescenta que essa resistência também está baseada em uma mudança na composição do investimento. Nos últimos anos, explica, infraestrutura e petróleo e gás responderam por uma parcela crescente do investimento, enquanto o peso proporcional da indústria (cujos anúncios de projetos de novas fábricas ou de ampliação de unidades existentes impactam mais a opinião pública) encolheu.

Entre outras as razões para o menor impacto da crise sobre parte do investimento, Borça Junior e Puga listam as descobertas de petróleo na camada pré-sal, a situação mais sólida da economia brasileira, a recuperação dos investimentos em energia elétrica após uma definição clara do marco regulatório do setor e as novas tecnologias (3G) no setor de telecomunicações. Puga e Borça Junior também sustentam que a carteira de projetos do BNDES é outra "garantia" de uma taxa robusta de investimento este ano. Os desembolsos, dizem eles, vão passar de R$ 100 bilhões (US$ 48 bilhões), sem incluir os R$ 25 bilhões (US$ 12 bilhões) reservados à Petrobras.