03/06/10 10h45

Consumo está mais sofisticado no país

Folha de S. Paulo

Com o forte aumento da renda e do crédito no país no início deste ano, o brasileiro encheu mais o seu carrinho de compras. Não apenas adquiriu uma quantidade maior de itens mas também diversificou e sofisticou a sua lista. E o fenômeno aconteceu em todos os estratos sociais, segundo uma pesquisa realizada pela Kantar Worldpanel divulgada ontem. Alimentos e bebidas foram os grupos cujo consumo mais cresceu no primeiro trimestre de 2010 ante o mesmo período de 2009. Em número de unidades, as altas foram de 20% e 10%, respectivamente. Em valor, as elevações foram de 15% e 16%. Em penetração (presença nas compras das famílias no período de um ano), destacaram-se o sorvete, os salgadinhos, o iogurte, as bebidas à base de soja e as massas instantâneas. Perderam importância na lista o café solúvel, a manteiga, o sabão em pedra, a esponja de aço e a polpa e o purê de tomate.

"Os dados mostram que o consumidor está se permitindo ter acesso a novas categorias de mercadorias, de maior valor agregado. Sobra mais dinheiro para comprar itens que não são só os básicos", afirma Christine Pereira, diretora comercial da Kantar Worldpanel. Na opinião da especialista, o brasileiro está se tornando mais "experimentador" e menos buscador de preços e promoções. Se, antes, com o orçamento curto, o consumidor batia perna para comprar barato, agora entende que há vantagens em pagar um pouco mais por um item diferenciado. "Aumentou a consciência sobre o dinheiro", resume Pereira. Para as indústrias, nessa tendência existe uma grande oportunidade. Mas as empresas precisam conhecer profundamente o seu público e as preferências de cada faixa, a fim de aproveitar a maré. De acordo com Pereira, na hora de adquirir uma mercadoria, são três os principais critérios levados em consideração pelo consumidor: a conveniência, a praticidade e quanto tal item é saudável.

No caso dos alimentos, isso significa que os que têm preparo mais fácil e não são cheios de conservantes e corantes levam vantagem, por exemplo. Na categoria de produtos de limpeza, ganham os mais eficientes. "É importante notar que ainda existe um buraco entre o que é consumido pelas classes A e B e o que as classes C, D e E compram", afirma Pereira.