18/05/10 11h15

Consumo de aço inox no mercado brasileiro projeta alta de 8% no ano

Valor Econômico

A retomada do crescimento econômico está levando a indústria de aço inox de volta aos níveis pré-crise. No Brasil, o consumo aparente do produto, que inclui vendas internas mais importações, deve crescer 8% em 2010 comparado com o ano passado, previu ontem Paulo Magalhães, presidente da ArcelorMittal Inox Brasil. A estimativa considera que o consumo de inox plano vai retornar aos níveis de 2008, quando o consumo aparente do produto no país ficou em 315 mil toneladas. Em 2009, como resultado da crise, o volume caiu para 240 mil toneladas, redução de 23,8%.

Os números do primeiro trimestre de 2010 confirmam a retomada no consumo de aço inox, que está sendo puxado pelos fabricantes de linha branca e pela indústria automotiva, disse Magalhães. Ele também citou o setor de bens de capital, cuja recuperação ainda deve se intensificar. Informou que a ArcelorMittal Inox está operando com um nível de ocupação de 90%-95% ante um percentual de 70% de 2009.

Apesar dos sinais de melhoria do mercado, Magalhães descartou que a empresa pense em aumentar a capacidade instalada no país. "O mercado (brasileiro) não comporta uma nova unidade (de aço inox)", disse o executivo. Ele participou, no Rio, do Fórum Internacional de Aço Inox (ISSF, na sigla em inglês). Ele disse que a subsidiária tem participação de 75% a 80% no mercado brasileiro de inoxidável. O restante é importado. E cerca de 30% da produção da usina da empresa, em Timóteo (MG), é exportada, sobretudo para países da América Latina.

No resto do mundo, a demanda por aço inox também está voltando a crescer. O ISSF projeta que a produção mundial de inox vai retornar os níveis normais de produção nos próximos trimestres de 2010 e 2011. Para 2010, a entidade prevê um crescimento entre 11% e 12% na produção de aço inoxidável no mundo. Os dados do ISSF mostram que a produção mundial de inox atingiu 7,47 milhões de toneladas no primeiro trimestre de 2010, alta de 11,5% sobre o último trimestre de 2009. É o volume mais alto para um primeiro trimestre na história, disse Pascal Payet-Gaspard, secretário-geral do ISSF. A região das Américas foi a que mais contribuiu para esse crescimento: exibiu alta de 57,5% no período.

Na comparação com o primeiro trimestre de 2009, o crescimento na produção mundial de aço inox foi ainda maior, de 54,6%. Mas como a base de comparação é baixa, a tendência é que não seja possível manter em 2010 o mesmo nível de expansão registrado no primeiro trimestre, disse Gaspard. A projeção da entidade se apoia em diversos fatores. Um deles é que a produção do primeiro trimestre de 2009 foi a menor em uma década como resultado dos efeitos da recessão global, que foi seguida por forte desestocagem.

O ISSF lembra que a economia global começou a se recuperar na segunda metade de 2009, o que levou a um aumento do consumo de aço inox pelas indústrias manufatureiras, caso do setor automotivo. O Fórum Internacional do Aço Inox também informa que após uma forte desestocagem em 2009 melhores condições de mercado devem encorajar fabricantes e acionistas de empresas produtoras de inox a repor estoques.