12/03/10 10h56

Consumo cresce pelo 6º ano seguido

O Estado de S. Paulo

O consumo das famílias cresceu 4,1% em 2009 e revelou-se o mais resistente e importante dos componentes da demanda brasileira diante da crise econômica global. Enquanto a indústria despencava, investimentos eram cancelados e o comércio exterior sofria quedas superiores a 10% tanto das exportações quanto das importações, os brasileiros prosseguiram comprando, impulsionados pela expansão do crédito, pelo aumento da massa salarial e pelas isenções tributárias. Em 2009, houve um aumento de 3,3% da massa salarial em termos reais, e uma expansão nominal de 19,7% nas operações de crédito para as pessoas físicas no segmento de taxas livres.

O consumo das famílias vem se revelando um componente de grande fôlego e regularidade. Na comparação com o trimestre anterior, em base dessazonalizada, com exceção do quarto trimestre de 2008, quando recuou 1,8% (para uma contração do PIB de 3,5%), o consumo das famílias cresce ininterruptamente desde o terceiro trimestre de 2003. Na comparação com os mesmos trimestres dos anos anteriores, o consumo das famílias completou, de outubro a dezembro de 2009, o vigésimo-quinto crescimento trimestral seguido. O avanço de 7,7%, ante a base deprimida do último trimestre de 2008, foi o terceiro maior desse longo período de bonança dos consumidores brasileiros.

"O consumo das famílias voltou a crescer no mesmo patamar anterior à crise", comentou Rebeca Palis, gerente de Contas Trimestrais do IBGE. Ela se referiu ao fato de que, entre o quarto trimestre de 2008 e o terceiro de 2009, houve desaceleração do crescimento do consumo das famílias, que, mesmo assim, permaneceu em níveis significativos, considerando a intensidade da crise global. Na indústria, os poucos setores que se saíram bem estão diretamente ligados ao consumo, como os eletrodomésticos, beneficiados pelas isenções, e os produtos farmacêuticos e de perfumaria, higiene e beleza.

Nos serviços, o subsetor de intermediação financeira, o de maior crescimento em 2009 (6,5%), está ligado à forte expansão do crédito, e também ao desempenho dos seguros e planos de saúde. Os serviços de informação, que cresceram 4,9%, incluem a telefonia celular, em processo contínuo de crescimento. Mesmo o comércio, que teve um recuo de 1,2%, ainda registrou desempenho muito superior ao de fatias importantes do PIB, como agropecuária, construção civil e indústria de transformação, que caíram mais de 5%.