24/02/10 10h50

Consultas e aprovações do BNDES para o setor têxtil são recorde na década

Valor Econômico

O setor têxtil e de confecções apresentou, em 2009, a maior disposição de ampliar investimentos em toda a década. As consultas ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) por parte de empresas do setor aumentaram fortemente no ano passado e totalizaram R$ 1,61 bilhão (US$ 817,3 milhões), resultado 35% superior ao apresentado em 2008, e ao registrado em 2007, anos em que o PIB subiu, respectivamente, 5,1% e 6,1% - bem acima do zero estimado para o ano passado.

Os dados do BNDES também evidenciam que houve maior número de projetos aprovados, no ano passado, em comparação ao resto da década. O banco aprovou R$ 1,93 bilhão (US$ 979,7 milhões) em projetos do setor, um número também recorde que deve levar a um aumento expressivo dos desembolsos em 2010, após a queda de 50% registrada no passado, quando apenas R$ 646 milhões (US$ 328 milhões) foram efetivamente liberados pela instituição. "O empresário está agindo e as previsões de que o PIB pode crescer acima de 5% neste ano nos deixa absolutamente otimistas porque, historicamente, os anos em que houve mais investimento e contratação de pessoal foram aqueles em que o PIB cresceu acima de 4%", diz Cristiano Shaefer Buerger, diretor da Tecnoblu, empresa que fabrica etiquetas para roupas, sediada em Blumenau, Santa Catarina.

Contratações fortes em janeiro e expressivo aumento das intenções de investimento do setor indicam um promissor 2010. No mês passado, o setor têxtil teve o melhor mês de janeiro de sua história, com saldo líquido superior a 8 mil vagas - o dobro da melhor marca até então, registrada em janeiro de 2007. Nos dois trimestres em que houve retração do Produto Interno Bruto (PIB), entre outubro de 2008 e março do ano passado, o setor cortou 43,4 mil postos de trabalho. A partir de abril passou a recuperar, aos poucos, o pessoal perdido. Até novembro, já superava o número de trabalhadores perdidos na crise - 44,8 mil entre abril e novembro - antes do corte de 22,2 mil vagas ocorrido em dezembro, após as festas de fim de ano. A recuperação dos cortes sazonais de dezembro, no entanto, nunca foi tão rápida.

Após o fim de 2006, quando o PIB cresceu 4%, o setor obteve saldo de 4,1 mil postos de trabalho em janeiro de 2007, ano em que o PIB atingiria crescimento de 6,1% e o saldo líquido de empregos criados na indústria de têxteis e confecções atingiu o recorde de 44,5 mil vagas. O resultado de janeiro de 2010, duas vezes maior que o de três anos atrás, sinaliza que os empresários apostam em ano de crescimento elevado. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), o setor deve gerar saldo superior a 40 mil vagas neste ano.

A Stenville Têxtil, que trabalha com estamparia e tinturaria de tecidos, com fábrica em Jundiaí (SP), aumentou sua produção em 40% no segundo semestre de 2009. Entre julho de 2008 e julho de 2009, segundo George Tomic, proprietário da empresa, a produção média diária era de 200 toneladas de tecido confeccionado. Essa média chegou a alcançar 296 toneladas em novembro. Ao todo, em 2009, a empresa aumentou sua produção em 20%. Para este ano, o empresário acredita que um aumento de 10% é perfeitamente possível, levando a produção para 330 toneladas.