09/12/09 11h35

Construtora menor reduz projetos e foca classe média

Valor Econômico

As empresas pequenas e médias de capital fechado seguiram exatamente o mesmo caminho das gigantes com ações em bolsa. Cancelaram lançamentos e se concentraram na venda de estoques em 2009, mas ainda assim devem terminar o ano com resultados acima de 2008. Com crédito mais caro e escasso no início do ano, construtoras tradicionais como Bueno Netto, Luciano Wertheim e Stan só colocaram produtos novos no mercado nos últimos três meses. Para se distinguir, apostam em terrenos e projetos diferenciados, mas, mais uma vez, seguem a cartilha das grandes ao migrar para produtos mais baratos, para a classe média, e salas comerciais.

Apesar de caminhar na direção dos imóveis econômicos, essas empresas sabem que não têm experiência, nem escala, para entrar na disputa pelo Minha Casa, Minha Vida. Testes nesse segmento ainda são restritos e as iniciativas ficam para o próximo ano, de preferência com parceiro maior.

A Stan, incorporadora que fez associação com o fundo Bramex Realty - que reúne três investidores mexicanos do antigo Banamex e a holding Monte Cristalina, dona da Hypermarcas -, lançou três empreendimentos este ano, todos a partir de agosto. A companhia, que sempre focou na alta renda, não pretende entrar no programa habitacional do governo, mas está descendo um degrau e vendendo produtos para a classe média.

A Bueno Netto escolheu o segmento comercial para os três lançamentos que fez este ano, inclusive de com lajes maiores (de até mil m2) - também concentrados no segundo semestre. "Nos primeiros seis meses sentamos e esperamos para ver que direção o mercado ia tomar", diz Guilherme Bueno Netto. "Não colocamos nada na rua e vendemos estoques." Em 2010, a empresa pretende estrear no Minha Casa, Minha Vida em um projeto na Barra Funda, em parceria com a Tenda, e na Guarapiranga, bairros da capital paulista.

Na Luciano Wertheim, que atua em São Paulo há 60 anos, os dois lançamentos do ano foram feitos há menos de um mês. "As vendas estão indo muito bem", diz Ely Wertheim, diretor da companhia. Sem produtos novos, vendeu quase tudo o que tinha na "prateleira". "Conseguimos escoar 80% do que tínhamos, sobretudo a partir de maio", afirma Wertheim, que estima crescimento de 35% no faturamento este ano. Em 2010, depois de 20 anos sem lançar salas comerciais, ela volta ao segmento.

Os números divulgados ontem pelo Secovi -SP (Sindicato da Habitação) confirmam a trajetória tanto das pequenas e médias, quanto das 18 companhias de capital aberto. De janeiro a outubro, os lançamentos somaram 19.986 unidades, queda de 38% em relação ao mesmo período do ano passado. As vendas somaram 27.558 unidades, queda de 6,3% em relação ao mesmo período do ano passado. As vendas superiores aos lançamentos indicam a queima de estoques das companhias, que agora precisam voltar a lançar para crescer em 2010.