12/04/10 11h29

Construção industrial tem trabalho "até 2020"

Valor Econômico

Reeleito no fim de março para um segundo mandato à frente da Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi), o executivo Carlos Maurício de Paula Barros, presidente da EBSE (grupo MPE), disse ao Valor que a combinação das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) com o aumento do conteúdo nacional nas obras e equipamentos da Petrobras -que compõem a maioria do PAC-, as empresas de construção industrial brasileiras nunca tiveram tamanho volume de obras. Barros afirmou que chega a "ficar tonto" quando tenta fazer um levantamento detalhado do que há para fazer nos próximos cinco anos e disse que há trabalho para fazer "pelo menos até 2020". Segundo ele, "todas as empresas (do setor) hoje têm uma perspectiva que nunca tiveram, nem na década de 1970".

Somente em obras para a Petrobras, o faturamento foi multiplicado por oito em cinco anos, passando do equivalente a US$ 3 bilhões em 2003 para US$ 24 bilhões em 2008. De acordo com o executivo, em 2003 a indústria naval estava praticamente parada e muitas outras fábricas operavam com, no máximo, 30% de uso da capacidade instalada. Hoje, em contrapartida, são mais de 40 estaleiros operando, de vários portes, e as demais empresas estão chegando ao limite de uso da capacidade. A freada provocada pela crise de 2008/2009 já está ficando para trás e Barros vê para os próximos meses o reaquecimento para além do setor petróleo, com a retomada de projetos congelados em setores como o de mineração e siderurgia.

Para dar uma dimensão da arrancada dada pelo setor de engenharia industrial, o presidente da Abemi conta que no período de quatro anos, encerrado em março de 2010, o Programa Nacional de Qualificação Profissional (PNQP), destinado ao setor de petróleo, que foi gerenciado pela entidade, formou 80 mil pessoas, espalhadas por 12 Estados, em 156 categorias profissionais, das quais 86% foram empregados. Mesmo assim, a segunda fase do PNQP, que deve começar nos próximos meses, parte de uma carência de 210 mil novos profissionais, o mesmo número do início da primeira fase.

"A nossa bandeira maior chama-se conteúdo nacional", define Barros. Segundo ele, foi a elevação do conteúdo nacional mínimo de 46% para 65% nas obras da Petrobras, a partir de 2003, que desencadeou o atual ciclo de bonança. "Agora fala-se em 72%.", torce, afirmando que, se confirmado o novo piso, haverá uma nova elevação expressiva nos volumes de obras e de empregos.