10/12/08 10h15

Construção civil estima crescer 10% neste ano, apesar de efeitos da crise

Folha de S. Paulo - 10/12/2008

A construção civil, setor industrial que mais cresceu no terceiro trimestre deste ano em comparação com igual período de 2007, prevê manter o ritmo de expansão no quarto trimestre deste ano, apesar da crise financeira mundial e de seus reflexos na economia do país. O SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo) estima que o setor vá crescer 10% neste ano sobre o ano passado. "Registramos crescimento de 9,2% nos últimos 12 meses. E, para este último trimestre, esperamos crescer em torno de 8,5% [na comparação com o quarto trimestre de 2007]. Se esse percentual se confirmar, será um bom resultado", afirma Eduardo Zaidan, diretor de economia do SindusCon-SP. "O setor não deve sofrer uma retração como a verificada no setor automobilístico. Os investimentos realizados demoram para ter impacto positivo na construção, assim como o corte deles demora para ter reflexos negativos", diz. Para Sérgio Watanabe, presidente do SindusCon-SP, o desempenho do setor no terceiro trimestre deste ano -o crescimento foi de 11,7% na comparação com igual período de 2007- é resultado principalmente dos investimentos realizados. "Os investimentos produtivos continuaram crescendo, fator fundamental para o desenvolvimento do país. Investimentos em máquinas, equipamentos e construção civil permanecem e seus efeitos vão se traduzir na expansão da infra-estrutura e em mais crescimento no futuro." Paulo Safady Simão, presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), avalia que "o resultado do PIB reiterou que a construção civil tem sido o motor do crescimento econômico brasileiro em 2008". "Pela primeira vez em muitos anos não se via aumento de dois dígitos em um setor econômico que gera tanto emprego e renda." Ele ressalta que foram mais de 300 mil empregos criados neste ano. O Secovi-SP (sindicato da habitação) registrou crescimento de 17,4% na venda de imóveis novos na capital paulista entre janeiro a setembro deste ano em relação ao mesmo período de 2007. Os dados de novembro e as expectativas de crescimento para o ano devem ser divulgados na próxima semana. Mas em setembro começaram a chegar ao mercado imobiliário os primeiros indícios de reflexo da crise financeira -quando a oferta de lançamentos caiu 35% em relação ao mês de agosto. As vendas de imóveis novos também tiveram queda. As contratações no setor também se desaceleraram em outubro, quando 5.905 vagas com carteira assinada foram criadas no país, segundo levantamento do SindusCon-SP e da FGV (Fundação Getulio Vargas). Em setembro e agosto, foram criados, respectivamente, 39,8 mil e 42,2 mil postos de trabalho na construção.