29/12/08 14h25

Consignação é arma para enfrentar crise

Gazeta Mercantil - 29/12/2008

O varejo está acirrando as negociações com a indústria para desovar estoque e tentar segurar os preços. Vale até mesmo tirar antigas soluções da gaveta, como a venda consignada, instrumento tradicionalmente utilizado em épocas de crise. "O lojista não gosta de comentar mas essa prática sempre aconteceu e é mais forte em momentos de dificuldades", afirma Nabil Sahyoun, presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Shoppings (Alshop). "Este é um momento em que varejo e indústria têm que trabalhar juntos para atrair os clientes", afirma. Porém, alguns setores terão que se apoiar mais do que outros, como é o caso de vestuário e calçados. Considerados as possíveis vedete do Natal, devido aos produtos de menor valor, esses setores apresentaram um aumento real de apenas 4% nas vendas. "É aqui que estão aumentando as consignações", diz Sahyoun, ressaltando que, do contrário, a indústria teria que amargar uma forte redução no número de pedidos em janeiro. Algumas confecções, particularmente as menores, reconhecem que as encomendas atrasaram este ano e uma "parte pequena" da produção foi deixada em consignação visando a desova de estoques. "A consignação é uma forma de todos ganharem." A falta de confiança do consumidor comprometeu os resultados do Natal, mas não o suficiente para prejudicar as vendas do ano. Dados da Associação Brasileira de Shoppings (Alshop) mostram que as vendas tiveram aumento real de 3,5% no período natalino e 6,4% no acumulado do ano, quando atingiram R$ 70,7 bilhões. Inicialmente, a expectativa era de um crescimento em 2008 entre 8% e 10%. A projeção otimista da entidade é que o setor tenha uma alta real de 4% nas vendas no próximo ano.