06/09/11 19h29

Conferência discute as mudanças nos fluxos de investimentos estrangeiros diretos

XVI Conferência Mundial de Investimentos da Waipa contribuiu para compreender as transformações globais na área de investimentos; presidente da Investe São Paulo, Luciano Almeida, participou do evento

Em meio à perspectiva de queda de 20% no fluxo mundial de investimentos estrangeiros diretos (IED) para os países desenvolvidos, ocorreu nesta segunda e terça-feira, dias 5 e 6 de setembro, a XVI Conferência Mundial de Investimentos da Waipa, em Genebra, na Suíça. A Waipa é a Associação Mundial das Agências de Promoção de Investimentos e tem como objetivo principal oferecer o intercâmbio de boas práticas na promoção de investimentos entre agências do mundo todo.

A informação sobre a estimativa de queda do fluxo mundial de IED para os países desenvolvidos foi fornecida pelo presidente da Waipa e secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Alessandro Teixeira. Diante do cenário negativo da economia global, um processo está acontecendo: se antes os IED se concentravam em economias desenvolvidas, agora estão se voltando às economias em desenvolvimento, especialmente para os chamados Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). O fluxo de IED para essas economias continuará em alta.

De acordo com o relatório da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal), em 2010, pela primeira vez, as economias em desenvolvimento ou em transição – com destaque para a América Latina – superaram os desenvolvidos na atração de IED, concentrando 53% de todos esses investimentos.

Em 2010, o Brasil atraiu US$ 48,4 bilhões em IED, um aumento de 87% em relação a 2009. O Banco Central estima que, em 2011, esse tipo de investimento atinja US$ 55 bilhões. Somente no primeiro semestre de 2011, o Brasil atraiu US$ 32,5 bilhões em IED, um recorde, pois é a maior marca registrada desde 1947, quando a série começou a ser medida pelo Banco Central.

Com a expectativa de um cenário global difícil, a tendência é que cada vez mais as empresas voltem seus olhos para o Brasil, especialmente devido à classe média em expansão e à estabilidade econômica. Nesse contexto, o papel das agências de investimento se torna fundamental.

Presente na conferência, o presidente da Investe São Paulo, Luciano Almeida, destaca: “Para a Investe São Paulo, é uma excelente oportunidade de aprimorarmos o trabalho que desenvolvemos no Estado de São Paulo, pois ao analisar outras experiências bem sucedidas na atração de investimentos por agências de outros países, podemos propor a adoção de práticas similares”.

Um exemplo apresentado na conferência foi o da Escócia, que precisou reavaliar sua vocação para evitar a perda de investimentos – uma questão que vem afetando com frequência diversos países europeus. A estratégia planejada foi a de focar na área de ciências da vida, o que aumentou a capacidade de atração de investimentos do país, gerando bons resultados. “Essa é a lógica no mundo: se você quer ser ágil, precisa ter planejamento”, afirma Almeida.

Este ano, o tema da conferência foi “a mudança de prioridades nos investimentos estrangeiros diretos: o crescimento sustentável e a inovação tecnológica”. Durante os dois dias do evento ocorreram diversos painéis em que se discutiram as mudanças causadas pela contínua crise financeira, as oportunidades decorrentes do aumento global do poder de compra e as alterações nas prioridades nacionais.

Além disso, dando continuidade à última edição do evento, foi debatido também o papel de iniciativas de energia verde e inovação como catalisadores para a atração de investimentos estrangeiros diretos. Foi uma oportunidade de interação e troca de experiências para executivos do setor privado, diretores de organizações não-governamentais, acadêmicos, governantes, representantes das agências de investimentos e da sociedade civil.

Entre os palestrantes estavam o diretor do Centro de Desenvolvimento Internacional e professor de práticas de desenvolvimento econômico da Universidade de Harvard, Ricardo Hausmann; o diretor de Estratégias e Parcerias da Philips Research, John Bell; o líder de Desenvolvimento de Negócios e Operações da Intel Labs Europe, Brian Quinn, e o diretor de Marketing e Serviços da Agência de investimentos da Escócia, Stewart Laing.

Sobre a WAIPA
Criada em 1995, a WAIPA é uma organização não governamental sediada em Genebra, Suíça. São membros da instituição 244 agências de promoção de investimentos de 162 países. Desenvolvendo uma ampla rede para trocas de informações e possíveis cooperações entre as agências-membros, o intuito da Waipa é aumentar a eficiência das agências, promovendo o uso eficiente da informação e facilitando o acesso a fontes de dados. A ideia é, também, ajudar as agências quanto ao aconselhamento de seus respectivos governos na formulação de políticas de investimento apropriadas e estratégias de promoção, além de facilitar o acesso à assistência técnica e promover a formação de novas agências.

Sobre a Investe São Paulo
Criada em 2009, a Investe São Paulo é a porta de entrada das empresas que pretendem se instalar no Estado e também estimula a expansão de empreendimentos que já estão em São Paulo. A agência fornece gratuitamente informações estratégicas, ajuda os investidores a encontrar os melhores locais para o seu empreendimento e facilita o contato com órgãos públicos e privados. Esse trabalho é feito com o objetivo de promover a competitividade da economia, a geração de emprego e renda e a inovação tecnológica no Estado.

A agência possui neste momento 85 projetos em carteira, que contabilizam um potencial de investimento de R$ 22,5 bilhões, com capacidade de gerar cerca de 42 mil empregos diretos e 180 mil empregos indiretos. A Investe São Paulo captou até o momento 18 empresas para o Estado, que investirão R$ 9,7 bilhões na construção de suas fábricas, empregando mais de 17 mil trabalhadores.