08/07/11 14h52

Concessão de visto de trabalho para estrangeiro cresce 19%

Valor Econômico

Os estrangeiros vêm o Brasil cada vez mais não apenas como rota turística, mas como local de trabalho. Pouco mais de 26,5 mil estrangeiros conquistaram visto para trabalhar legalmente no Brasil no primeiro semestre do ano - um salto de 19,4% na comparação com o mesmo período do ano passado. Ao todo, foram concedidos 24,6 mil vistos temporários - com prazos de permanência de até dois anos - e 1,8 mil permanentes.

A Coordenação-Geral de Imigração, vinculada ao Ministério do Trabalho, órgão que concede os vistos, registrou melhora na escolaridade dos estrangeiros que ingressaram no país nos primeiros seis meses do ano - 23,6 mil, ou 89% do total, têm, ao menos, o 2º grau completo.

"O Brasil virou meca do trabalho para estrangeiros, especialmente para nossos vizinhos da América Latina, cujos países, como Venezuela, Bolívia e mesmo Colômbia, não vivem o mesmo crescimento econômico que nós vivemos", disse o ministro do Trabalho, Carlos Lupi.

Cerca de 2,3 mil estrangeiros que tiveram legalizada pelo ministério sua condição de trabalhador no Brasil neste primeiro semestre foram enquadrados na categoria "outros", no nível de escolaridade. De acordo com técnicos do ministério, essa rubrica acumula, em sua maior parte, trabalhadores de países como Bolívia, Haiti e China, que vieram ao Brasil sem dispor de documentos que provem seu grau de escolaridade.

Na maior parte temporários, os trabalhadores que vêm ao Brasil e têm sua situação legalizada pelo Ministério do Trabalho são técnicos especializados ou funcionários de embarcações. Cerca de 8,2 mil estrangeiros que receberam visto temporário trabalhavam a bordo de embarcações ou plataformas internacionais, que chegaram ao Brasil, segundo Lupi, na esteira dos investimentos em tecnologia para prospecção do petróleo do camada do pré-sal - essa modalidade respondia por 5,3 mil estrangeiros em 2008.

Outros 7,4 mil foram técnicos de máquinas e equipamentos, sendo 5 mil com visto para trabalhar por até 90 dias. Nessa modalidade estão inseridos os especialistas de países como Estados Unidos, Alemanha e Itália, que vêm ao Brasil apenas para instalar equipamentos importados por multinacionais, ou transferir know-how quanto ao funcionamento de uma máquina adquirida por uma empresa nacional do exterior.

Entre os que conseguiram visto permanente, 762 são administradores, diretores e executivos e 434 investidores pessoa física (pessoas que investem no mínimo R$ 150 mil no país). "Trata-se de uma demonstração clara de que há muito capital vindo ao país", disse Lupi, "e capital de longo prazo, porque de outra forma o investidor e o dirigente de empresa não buscaria o visto permanente".

Segundo Lupi, apesar do aumento da entrada de estrangeiros para trabalhar no Brasil, não há perigo de substituição de mão de obra. "Em alguns casos pode haver, mas, na grande maioria, não. É muito mais barato contratar aqui do que trazer uma pessoa do exterior."

Em média, o Ministério do Trabalho levou 19,7 dias para conceder um visto, sendo 3,4 dias para artista ou esportista sem vínculo empregatício, e 24,4 dias para assistente técnico que fica até um ano no país.