23/01/18 13h30

Companhias planejam investir 5% mais em TI

Valor Econômico

O orçamento dos diretores de tecnologia das empresas brasileiras terá neste ano um incremento médio de 5% em relação a 2017, um reflexo das expectativas mais positivas em relação ao desempenho da economia.

Segundo a empresa de pesquisa IT Data, o total de gastos no ano vai se aproximar de R$ 80 bilhões, frente aos R$ 76 bilhões em 2017. O mercado encerrou o ano passado com expansão de 3,1%, bem próximo à estimativa original, de 3,3%. "Não que 2017 tenha sido um ano bom, mas pelo menos se viu uma luz no fim do túnel, com recuperação principalmente no segundo semestre", disse Ivair Rodrigues, diretor de pesquisa da IT Data.

Segundo o especialista, um aspecto positivo do ano passado foi a retomada nas contratações. Depois de dois anos de demissões e troca de profissionais com salários maiores por outros com ganhos mais baixos - inclusive a substituição de diretores de tecnologia por gerentes -, a tendência foi revertida. Para 2018, quase um quinto das empresas pretende contratar funcionários com mais experiência. Das empresas consultadas, 12% manifestaram a intenção de contratar profissionais com salários mais baixos.

Participaram da pesquisa 1,5 mil diretores de tecnologia de companhias de médio e grande portes. A pesquisa leva em consideração a compra de equipamentos e sistemas de terceiros. Não entra na conta a folha de pagamento de funcionários, nem gastos com telecomunicações.

Tanto em 2017 quanto em 2018 os números poderiam ser melhores se não fosse o corte de orçamento no governo. Tradicionalmente um dos maiores compradores de tecnologia do país (com bancos e operadores de telefonia), o governo tem reduzido sua relevância no setor desde 2015. Naquele ano, a queda nos gastos foi de 2%. O corte foi seguido por outros dois de 5% e 2% em 2016 e 2017, respectivamente. Para 2018, a estimativa é de um novo recuo na faixa de 2%.

"Isso muda completamente a via de quem dependia das vendas para o governo. Muitas empresas fecharam as portas nos últimos anos por conta dessa redução, enquanto outras tiveram que diversificar sua atuação", disse Rodrigues. Sem os cortes, o mercado de tecnologia poderia ter apresentado crescimento entre 3,5% e 4% ano passado e avançar mais de 6% em 2018.

Em relação às principais tendências tecnológicas, Rodrigues disse que a migração para o modelo de computação em nuvem, os projetos de internet das coisas, a adoção da inteligência artificial e de ferramentas mais avançadas de segurança da informação para combater ameaças complexas, são as principais iniciativas.

Segundo o analista, um pedido aos fornecedores tem ganhado força nas conversas: que as tecnologias sejam fáceis de ser aplicadas. "Não é só uma questão de orçamento, é aplicar rapidamente na empresa aquilo que é vendido. O fornecedor tem que jogar simples", disse.