Companhias norueguesas mantêm interesse no Brasil
Valor EconômicoMesmo num cenário de retração econômica, as empresas norueguesas da indústria naval e do setor de petróleo e gás devem manter estáveis seus investimentos no Brasil este ano, num patamar próximo dos US$ 800 milhões registrados em 2014. Os empresários nórdicos, no entanto, estão mais cautelosos em anunciar novos negócios no país, ressalva o vice-ministro de Petróleo e Energia da Noruega, Kåre Fostervold.
Em visita oficial ao Brasil, Fostervold desembarca no país ao lado uma comitiva de cerca de 70 executivos de diferentes áreas da economia e conta que, embora menos otimistas do que há alguns anos, os noruegueses ainda miram o mercado brasileiro e que a depreciação do real abre oportunidades "particularmente interessantes".
"É justo dizer que ainda há um número significativo de empresas norueguesas olhando para o mercado do Brasil, embora talvez menos do que durante o 'boom' de 2008 a 2012", disse, Fostervold, em entrevista ao Valor, por email.
O vice-ministro, que acompanha o príncipe herdeiro da Noruega, Haakon Magnus, em visita real ao Brasil, afirma que os empresários noruegueses aumentaram o rigor na hora de avaliar novos investimentos no mercado brasileiro, mas que para empresas interessadas em negócios de longo prazo no país, o momento de crise da economia brasileira pode ser favorável para novos investimentos.
"Essas empresas estão levando mais tempo hoje para fazer a devida diligência e avaliar o escopo de trabalho antes de entrar no país", disse. "No geral, o Brasil é um mercado interessante para a Noruega em muitos setores e, com os atuais níveis de crise e de taxa de câmbio, os investidores de longo prazo podem encontrar algumas oportunidades de investimento particularmente interessantes", afirmou.
Segundo Fostervold, os investimentos noruegueses no país continuarão sendo puxados, nos próximos anos, pela Statoil, que anunciou em 2014 a intenção de investir cerca de US$ 3,5 bilhões no desenvolvimento da segunda fase de produção do campo de Peregrino, na Bacia de Campos, até o fim da década.
O vice-ministro, contudo, destaca que as oportunidades são avaliadas por empresas norueguesas de diferentes setores que, segundo ele, estão de olho em negócios como armazenamento e transporte de gás, energias renováveis, tecnologia sustentável, frutos do mar e aquicultura, tecnologias da informação e agricultura.
No fluxo oposto, os noruegueses avaliam que também há oportunidades para negócios brasileiros no país europeu. Segundo a embaixadora da Noruega no Brasil, Aud Marit Wiig, a exportação de soja é uma das principais oportunidades de negócio a serem trabalhadas pela indústria brasileira durante a visita do príncipe Haakon ao Brasil, onde ele se encontrará com o vice-presidente da República e presidente em exercício, Michel Temer, nesta que será a primeira visita oficial da família Real norueguesa ao Brasil desde 2003.
"O mercado norueguês de soja é uma boa oportunidade para empresas brasileiras. A Noruega está elevando a produção de peixes e esse crescimento depende de ração a base de soja", disse embaixadora.
O fortalecimento das relações comerciais entre os dois países está no centro da pauta do encontro, que deve contar ainda com a assinatura de acordos bilaterais nas áreas de pesquisa e no setor naval.
Segundo a diplomata, o grupo financeiro norueguês DNB e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) devem assinar memorando de entendimento para financiamento de pesquisa em petróleo e gás. A visita também deve marcar a assinatura de um acordo marítimo entre os dois países. Questionada sobre a possibilidade de investimentos de norueguesas na indústria naval brasileira, ela disse apenas que se trata de um "primeiro passo" no intercâmbio entre os dois países na área.